A obesidade não é apenas um problema de saúde humana, já que o diagnóstico é cada vez mais frequente em animais. Um exemplo é o cachorro do cantor sertanejo César Menotti que também enfrentou, junto com o artista, o “Medida Certa”, no Fantástico, por estar acima do peso. Em Uberlândia, alguns cães se enquadram nessa estatística e os tutores dos animais aderiram à rotina de tratamentos, refeições balanceadas e atividades físicas para garantir o bem-estar dos animais.
A publicitária Sabrina Rampin dedica grande parte do tempo ao filhote de buldogue inglês, Barney. Logo no primeiro ano de vida, o cachorro começou a apresentar peso excessivo por receber alimentação desregrada e não fazer exercícios regularmente. “Eu me culpei. Afinal, ele é reflexo do meu cuidado. Sempre dei muita comida a ele e não o estimulava a se exercitar. Desde então parei com as refeições extras como pão e arroz e procuro equilibrar com ração menos calórica”, disse.
Mas nem sempre o tutor é totalmente responsável pela causa de obesidade do animal que também pode ser desencadeada por pré-disposição genética, problemas endócrinos, castração, medicamentos, estilo de vida, fatores ambientais, entre outros.
No caso da labradora Iara, de três anos, a notícia de que a filhote estava com a doença multifatorial pegou toda a família da médica Hégena Líbia de surpresa. “Ela sempre fez muita atividade física, corria comigo quase todos os dias e ingeria ração hipocalórica. Ainda sim, ela nunca perdia peso”, contou a tutora.
Foi então que Hégena levou a cadela ao veterinário e constatou que tinha hipotireoidismo e, consequentemente, estava obesa. Por ser médica e reconhecer que os animais também precisam de cuidados para se manter saudáveis, a tutora não abandonou a corrida de duas vezes por semana ao lado de Iara e contratou outra pessoa para passear todos os dias com ela. “Infelizmente ela vai depender de medicamentos a vida inteira, mas ao menos o peso normalizou e agimos para garantir a saúde da Iara”, comentou.
Na casa da assistente social Sônia de Oliveira Ramos ninguém é sedentário e todos praticam algum esporte. Ainda sim, a poodle que integra a família há quase 14 anos apresentou sobrepeso por causa de problema cardíaco, além de apresentar colesterol e triglicérides alto. O animal também é acompanhado por um veterinário especialista e a família parou de influenciá-lo no consumo de alimentos externos que não seja a ração.
Veterinária alerta para cuidados
Cerca de 40% dos atendimentos feitos na clínica da veterinária Sirlei Manzan, em Uberlândia, são referentes a animais obesos seja por doença ou por excesso de medicação. Segundo a especialista, a obesidade é um problema frequente e preocupante nas clínicas veterinárias. “No Brasil, estima-se que 30% dos cães e 25% dos gatos sejam obesos. Chamamos de sobrepeso quando se tem até 15% acima do peso normal da raça ou porte do animal e de obesidade quando esse excesso ultrapassa esse valor”, esclareceu.
Sirlei explicou que a obesidade por si só não leva o animal a óbito, mas traz uma série de doenças secundárias, que tornam a vida do animal difícil e, dependendo da complexidade, podem, sim, levá-lo à morte. Dentre as complicações estão as dificuldades respiratórias, problemas cardíacos, aumento de problemas de pele, prejuízos na eficiência reprodutiva, aumento no risco de câncer, implicações anestésicas, aumento do risco cirúrgico, entre outros.
O tratamento, segundo a especialista, é simples, apenas com correções no manejo do cão ou gato. Contudo, para que o programa de redução de peso tenha êxito é imprescindível a cooperação do tutor. “Tratamento e prevenção têm a mesma receita que é uma boa dieta aliada a exercícios frequentes. O ideal seria que a obesidade fosse revertida antes do aparecimento de suas consequências, mas na maioria das vezes os tutores levam seus animais ao veterinário quando já existe algum problema”, salientou.
O objetivo do tratamento em curto prazo é reduzir a reserva de gordura corporal. Um programa bem sucedido de emagrecimento é um processo composto por várias etapas e exige, além do comprometimento do proprietário do animal, um plano nutricional, um programa de exercícios físicos acompanhados, o monitoramento metabólico e hormonal do paciente realizado e acompanhado pelo médico veterinário.
Fonte: G1
