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INVESTIGAÇÃO

Cães intoxicados por petiscos: tutoras de animais que morreram em MG já foram procuradas por mais 10 pessoas, conta advogada

Polícia investiga três mortes e cinco internações de animais que consumiram alimento, que seria da mesma fabricante. Com divulgação do caso, queixas têm crescido

2 de setembro de 2022
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Foto: Arquivo pessoal

As mortes de pelo menos três cães em Belo Horizonte (MG), além da internação de outros cinco, intoxicados após a ingestão de petiscos para animais, têm sido motivo de grande preocupação entre tutores, não só na capital mineira, mas também em outras partes do Brasil. Isso porque já há registro de casos parecidos em São Paulo e no Paraná, onde cachorros precisaram ser levados às pressas a hospitais veterinários após terem comido os alimentos, supostamente produzidos pela mesma fabricante, a empresa Bassar Pet Food.

Um laudo de necrópsia preliminar feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao analisar dois dos animais que morreram, indica intoxicação “altamente sugestiva” por etilenoglicol, também chamada de monoetilenoglicol, substância tóxica, idêntica a uma das detectadas em lote da cervejaria Backer, em caso de janeiro de 2020, também em Minas Gerais, quando 10 pessoas morreram após terem ingerido a bebida e várias outras chegaram a ser internadas ou ficaram com sequelas graves. Os sintomas de algumas destas vítimas também foram semelhantes aos apresentados pelos cães.

“Imediatamente após à ingestão do petisco, os cães apresentaram muita sede. Poucas horas depois, vômito e prostração. Com dois dias, eles já tinham diagnóstico de injúria renal aguda”, conta a advogada Silvia Valamiel, que representa, em MG, as tutoras de cinco cachorros que foram intoxicados; dois morreram. Além do laudo, os sintomas também indicam intoxicação por esta substância.

Foto: Arquivo pessoal

Valamiel conta que os três cães que ficaram dias internados já foram liberados para voltar para casa. Os cinco comeram o mesmo petisco e apresentaram injúria renal grave. Os splitz alemães Bud e Wals não resistiram e morreram. Os “irmãos” José, Stela e a pinscher Julieta sobreviveram.

O caso chegou à polícia de Minas Gerais através delas e, a partir da divulgação, outras queixas começaram a chegar. Ela conta que as tutoras pensam em levar o caso à Justiça.

“O prejuízo financeiro foi enorme e o emocional, então, imensurável” acrescenta. “Antes do caso ser veiculado na imprensa, nós já tínhamos recebido relatos de outros três tutores. Nos últimos dias, com a divulgação do caso, hoje mais dez pessoas já procuraram a gente e outras cinco já registraram boletins de ocorrência na delegacia”.

A Polícia Civil mineira já instaurou um inquérito para apurar o caso e a empresa responsável pelos petiscos será intimada a depor nos próximos dias por meio de Carta Precatória. Além dos tutores dos cães. Os investigadores afirmam que já colheram o depoimento tutores, veterinários e de um representante de um estabelecimento comercial onde os petiscos foram comprados. Além disso, têm sido feitos levantamentos em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que acompanha o caso.

Foto: Arquivo pessoal

Em nota, a polícia diz também que aguarda a conclusão de laudos periciais para identificar a substância que possivelmente causou a morte dos animais e orienta, ainda, que caso haja outros casos as pessoas procurem a Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, onde tramita a investigação, na Rua Martim de Carvalho, número 94, andar térreo, no bairro Santo Agostinho.

O GLOBO tentou contato por e-mail e telefone com a Bassar Pet Food, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Os petiscos dados pelas tutoras eram das linhas Everyday e Dental Care. À TV Globo, a empresa disse que nunca utilizou etilenoglicol na fabricação dos produtos e que, assim que ficou sabendo dos fatos, recolheu o lote para testes. Afirmou ainda que autoridades sanitárias fizeram inspeção na fábrica e atestaram que não há contaminação na linha de produção.

A empresa de delivery Petz, que distribui produtos da Bassar Pet Food, suspendeu a venda dos petiscos enquanto apura-se se houve ou não contaminação.

Fonte: O Globo

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