Pesquisa indica que a doença mata mais de 800 pessoas por ano contaminadas pela carne
Milhões de cães infectados com raiva estão sendo assassinados e tendo sua carne comercializada no Camboja, país asiático. A informação é resultado de uma investigação especial do portal de notícias Mirror (4), que também revelou a situação pelas quais os animais são submetidos desde a captura até a venda para restaurantes. De acordo com a reportagem, gaiolas com vários cães são armazenadas em um galpão escuro fora da capital de Camboja, Phnom Penh. No final do calabouço, enormes banheiras de concreto conhecidas como ‘poços de afogamento’ aguardam os animais.
A organização de bem-estar animal Four Paws lidera a luta contra o comércio de cães. O representante da organização, Matt Backhouse, encontrou vários dos locais em que os cães são mortos no país. Com ele, o fotojornalista Aaron Gekoski visitou estes lugares. As cenas são descritas por Gekoski com horror. “Venho cobrindo histórias de conflitos entre humanos e animais há mais de uma década, mas essa é uma das tarefas mais difíceis em que já trabalhei”, contou. Para ele, um roteirista de ficção não conseguiria criar um cenário mais perturbador.
Na capital Phnom Penh, existem mais de 100 restaurantes de carne de cachorro, número que cresce rapidamente. De acordo com Backhouse, “entre dois e três milhões de cães são consumidos no país todos os anos”. Para suprir a demanda crescente, os cães são retirados das ruas todos os dias. Alguns são animais domésticos indesejados que são trocados por objetos ou dinheiro. Outros não possuem casa, moram na rua, cujos ossos podem ser quebrados durante métodos agressivos de captura.
Os cães são forçados a entrar em pequenas gaiolas, carregados em ciclomotores ou carros especialmente equipados e transportados para matadouros em todo o país. “Nessas viagens, eles não recebem comida ou água e são deixados para assar no calor. Alguns morrem de estresse ou desidratação ao longo do caminho”, conta Backhouse.
Não só a carne é comercializada, os pênis de cães pretos também são vendidos como pulseiras alimentando a superstição de que afastam as energias negativas. Tanto a cauda quanto a cabeça são consideradas iguarias. Além disso, os médicos no Camboja geralmente recomendam o consumo de carne de cães para melhorar a circulação e a cicatrização de feridas, especialmente durante ou após a gravidez, assim como para outros fins de saúde.
No entanto, os benefícios da carne são questionados pela veterinária Katherine Polak, que trabalha no comércio de carne de cães no sudeste da Ásia desde 2013. Ela firma que a raiva no país é uma emergência de saúde pública, e mata mais de 800 pessoas por ano. “O comércio de carne de cachorro incentiva a matança e o consumo de cães potencialmente infectados pela raiva. Em um estudo, 200 cães foram testados e quase 50% deles apresentaram resultados positivos”, conta. Para ela, é negligente o pensamento dos comerciantes de que o risco de ser infectado pela doença por meio da carne é mínimo. “Existem inúmeros relatos publicados de pessoas que morrem após matar e consumir carne de cachorro”, acrescenta.
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