Negligência e irresponsabilidade podem ser alguns dos motivos que fazem com que muitas pessoas abandonem cães e gatos pelas ruas de Varginha, no Sul de Minas. Um comerciante, de 46 anos, que trabalha no centro da cidade e que preferiu não ter a identidade revelada, conta que a situação é de dar dó. “Eles não conseguem sustentar e abandonam. Outro dia um cachorro foi atropelado aqui na porta e morreu na hora”, conta.
O veterinário do Centro de Zoonose do município, Guilherme Pimenta de Pádua Zolini, revela que o canil da cidade está lotado. Segundo o profissional, existem, principalmente, duas causas para o abandono. Primeiro, alguns cães são largados porque estão velhos e apresentam problemas de saúde. Outros são deixados pelas ruas por negligência. “As pessoas adquirem o animal por impulsividade, mas é preciso lembrar que ele é um ser vivo, não um brinquedo”, afirma.
Depois, segundo Zolini, muitos tutores acham que a prefeitura é obrigada a cuidar dos animais que eles não querem mais. Para atenuar a situação, o poder público oferece, há quase dois anos, um programa de castração.“Realizamos o procedimento de graça. Em menos de dois anos, 1.000 animais já foram castrados”, conta.
De acordo com o veterinário, apesar da cidade não contar com censo de animais, o número parece ter reduzido. “Na campanha de vacinação do ano passado, atendemos 19 mil animais. Em 2013, esse número passou para 16.500”, disse. Ele estima que 6.000 animais deixaram de nascer por causa do programa.
Abrigo
A capacidade do canil municipal de Varginha é de aproximadamente 250 animais, porém cerca de 300 cães ocupam esse espaço. O veterinário explica que existe uma política de não eutanásia na cidade. “Só praticamos a eutanásia, quando o animal está sofrendo muito, não fazemos isso por banalidades”, garante. Uma funcionária de uma padaria de 41 anos, localizada no bairro Bom Pastor, relata que as ruas ficam sujas, mas que os cães não a incomodam. “Eu tenho um vira-lata há dez anos. Acho uma crueldade e um pecado abandonar animais na rua”, analisa.
O veterinário esclarece ainda que a capacidade do abrigo varia bastante. “Se chega uma animal bravo, precisamos deixá-lo em um local separado, o que reduz a capacidade do local”.
Solidariedade
Além do canil municipal, a cidade conta com a Associação Protetora dos Animais de Varginha (APAV). A instituição – que funciona no terreno de Maria José Semioto, de 76 anos – cuida de aproximadamente 130 cães adultos, 11 gatos, além dos filhotes. Para Maria, muitas pessoas que mudam para apartamentos abandonam seus animais. “Comprei o sítio para abrigar os animais. Eles vivem soltos e são bem tratados”, revela a voluntária.
Porém, a idosa não tem condições de aceitar mais animais. “Só temos um funcionário, precisamos de recurso”, revela.
Chips para identificação
A prefeitura de Varginha que colocar chips nos animais para facilitar a identificação dos proprietários, no entanto é preciso realizar um estudo de gastos primeiro. “Com a chipagem, nós iríamos identificar quem é o tutor do animal”, revela o veterinário.
Fonte: Jornal O Tempo