Em vez de chihuahuas fofinhos, a advogada Audrei Feitosa, 39, preferiu acolher Kiko, um vira-lata “grande, velho e com dente todo podre”.
Ela se autodenomina protetora dos cães fracos e indefesos. Para preservar o título, monitora de seu apartamento, em Higienópolis, no centro de São Paulo, o resgate de animais abandonados. Quanto mais idade e problemas de saúde, mais o bicho vira “inadotável”, diz.
Para os rejeitados, ela e uma amiga mantêm, no sítio de um conhecido em Jundiaí (58 km de SP), cinco canis “de luxo”, com ração premium, cobertores e cuidado veterinário. Juntas, pagam a um “caseiro canino” R$ 200 por animal. Atualmente, são 30.
A dona de casa Cleide Jacomini, 51, foi além. Aluga, na Freguesia do Ó, uma casa especialmente para dez cachorros recolhidos na rua.
Esse mundo cão lhe custa R$ 1.500 por mês, incluindo ração, faxineira, veterinário e uma funcionária que checa os moradores todo dia. Já Cleide dá as caras uma vez por semana. “Vou lá mais para fazer o social.”
O apartamento em Higienópolis da dona de casa Simara Sukarno, 52, é o reino das yorkshires Meylin e Belinha e da maltês Taylan. Mas as cadelinhas têm sempre companhia de um “intruso”.
O vira-lata Bob, atual convidado, há seis meses vive de patas para o ar. Na refeição tem patê francês, carne moída e legumes refogados. Recebe aulas de agility (circuitos com obstáculos) e ganhou até roupas de inverno.
Simara avisa: “Ele só vai sair da minha guarda se eu encontrar o tutor certo”. Esta é a missão número um das protetoras: reverter sequelas dos maus-tratos e pôr vacinas em dia. Quando os bichos estiverem nos trinques, poderão ser adotados.
Fonte: Folha Online