Problemas de saúde relacionados a ossos, articulações e músculos não são exclusivamente dos humanos. Os animais também podem sofrer, e muito, com lesões geradas por traumas, doenças degenerativas genéticas ou adquiridas com a idade.
Nos cães, o mais comum é a artrose, uma doença articular degenerativa que provoca desgaste da cartilagem articular e, consequentemente, dor. Normalmente, é causada por doenças articulares como a displasia coxofemoral (doença no quadril), ruptura de ligamento cruzado cranial, que é importante para a estabilização do joelho e luxação de patelas (também no joelho).
Outra doença que acomete os cães é a hérnia de disco que, assim como entre os humanos, ocorre no disco entre as vértebras da coluna e pode causar desde dor local até a paralisia dos membros.
Nos gatos, a artrose dos cotovelos, quadril e coluna é a maior causadora de problemas.
Apesar de ser observada em qualquer cão, as doenças articulares aparecem mais entre animais das raças Labrador, Golden Retriever, Pitbull, Pastor Alemão, Buldogue inglês e francês, Chow-chow, Rottweiler, Poodle, Pug e Boxer. As raças menores apresentam artrose quando há um problema congênito associado como a luxação de patela. Entre os pequenos, estão Shi-Tzu, Lhasa Apso, Spitz, Yorkshire e Chihuahua.
Os gatos mais afetadas são Persa, Maine Coon e Himalaio. Independente da raça, 80% dos gatos com mais de 9 anos possuem a doença articular degenerativa e, por consequência, dor articular.
Os animais de porte maior ou obesos sofrem mais porque são pesados e apresentam crescimento rápido. “Isso porque as articulações têm função de direcionar os movimentos, mas quando há sobrecarga de peso, elas também exercem a função de sustentação, que cabe aos músculos”, afirma Renata Achkar, especialista em fisioterapia e reabilitação da rede de hospitais “Pet Care”.
Os animais idosos estão mais propensos ao problema porque é com a idade que acontece uma perda natural de massa muscular e, por isso, a articulação passa a sofrer maior desgaste.
Sintomas
Com exceção das lesões agudas, quando os sintomas de dor são bem evidentes, no caso das doenças degenerativas, a progressão é silenciosa. Incômodos, restrição em realizar alguns movimentos, dor e claudicação (mancar ao andar ou encolher as patinhas) são os primeiros sinais de que há alterações nas articulações e que a doença degenerativa já está em fase moderada de progressão.
Diferentemente dos cães, os gatos com dor nem sempre apresentam sinais de claudicação. A dor crônica muitas vezes leva o gato a se estressar e mudar comportamentos, como, por exemplo, ficar agressivo, diminuir a ingestão de alimentos e água e até mesmo apresentar dificuldades para defecar.
Outras alterações que cães e gatos podem apresentar são a diminuição de atividades do cotidiano, como as brincadeiras, não querem mais sair para passeios, apresentam dificuldade para subir e descer do sofá, cama, carro ou escadas.
Fisioterapia para cães e gatos
Fisioterapia e reabilitação, aliadas ao manejo correto em casa, acupuntura, suplementos nutricionais e alimentação correta são as melhores formas de tratamento se aliadas e direcionadas a cada caso individualmente.
“O primeiro passo é realizar o diagnóstico preciso do paciente para oferecer o melhor tratamento possível”, afirma Jennifer Hummel, veterinária e uma das fundadoras da franquia de fisioterapia “Mundo à Parte”. Depois disso, é essencial controlar a dor e desenvolvimento do apoio até chegar no restabelecimento funcional completo do paciente.
Nesse ponto, é associado o tratamento com caminhadas, exercícios com cones, bola, pranchas e também a esteira aquática, onde o animal caminha dentro de uma esteira submersa na água, aliás, procedimentos recomendados até mesmo para gatos.
“Quanto ao uso de terapia na água, caminhando na esteira aquática ou nadando, alguns gatos realizam a terapia com facilidade e outros realizam o tratamento da sessão toda dentro da caixa de transporte”, diz Jennifer.
Renata acrescenta que, nos exercícios de solo, os gatinhos também podem apresentar alguma resistência por não estarem acostumados com guias e nem se interessarem tanto por petiscos.
Prevenção
Antes de instalarem-se os problemas, é possível que os tutores realizem medidas de prevenção, inclusive durante a juventude dos animais. Alimentação saudável, peso ideal, exames periódicos conforme as predisposições dos animais, atividade física regular e manejo adequado em casa são alguns dos itens da lista preventiva.
Oferecer ração de qualidade para cães filhotes é um dos manejos que colaboram na prevenção de lesões e alterações articulares, já que nesta fase é importante que estejam bem nutridos.
Quem costuma divertir-se promovendo brincadeiras de alto impacto com os animais, por exemplo aquelas que envolvem saltos e transposição de obstáculos difíceis, deve repensar a diversão ou ficar atento a sinais de que algo não vai bem. Isso porque esse tipo de passatempo para cães com artrose avançada pode ser um belo convite não só para o agravamento do problema ou surgimento de outras doenças ósseas e articulares.
Se o animal é de raça, é importante estudar se ele possui predisposição a ter alguma doença. “Nesses casos deve-se redobrar a atenção evitando o subir e descer de escadas, sofá, cama e também fugir de locais com pisos lisos, que podem facilitar o desenvolvimento das doenças”, ensina Jennifer.
Fonte: Uol