A explosão de um depósito ilegal de fogos de artifício no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, na noite de quinta-feira (13/11), deixou um rastro de destruição que vai muito além dos imóveis interditados e das vidas humanas tragicamente afetadas. Na Rua Francisco Bueno, onde ao menos 21 casas foram interditadas após o acidente, tutores agora vivem horas de desespero em busca de cães e gatos que fugiram em pânico com o estrondo e o desabamento das estruturas.
Muitas pessoas perderam tudo o que tinham incluindo seus animais domésticos, ainda que temporariamente. Irene, tutora de Fred, cachorro de cinco anos, vive um drama triplo. A nora está na UTI após sofrer ferimentos graves, o neto inconsolável e o cão perdido.
“Eu apelo para que, se alguém viu o Fred, entre em contato. Meu neto está desolado, a mãe na UTI e o cachorrinho desaparecido”, disse em entrevista.
A vizinha Sandra relata que perdeu sua gata Mia. “Conseguimos reencontrar os cachorrinhos, mas a gata sumiu. Não sei se fugiu ou foi atingida na confusão”, explicou ela, visivelmente abalada.
Em outra casa totalmente destruída, a cachorrinha Amora, desorientada e ferida, tentava voltar para os escombros onde vivia antes da explosão. Ela foi resgatada por moradores e levada ao hospital veterinário. “Caiu a casa toda, ela foi atingida e socorrida no hospital. A cachorrinha ficou perdida, tentando entrar no imóvel de todo jeito”, relatou Sandra Souza, uma vizinha da família da Amora.
Sofrimento
Todos os anos, em datas festivas, animais domésticos e silvestres são submetidos a uma verdadeira tortura auditiva devido aos fogos, na maioria das vezes ilegais, soltos pela população. A audição aguçada de cães, gatos e outras espécies os torna extremamente vulneráveis ao ruído, que causa pânico, fuga, ataques cardíacos e, como visto no Tatuapé, desaparecimento.
A existência de depósitos ilegais, como o que explodiu, coloca todos em risco iminente de morte e opera à revelia de qualquer controle sobre o tipo de produto fabricado, a maioria, com potência sonora elevadíssima e totalmente desnecessária.
É preciso uma fiscalização muito mais rigorosa sobre a cadeia de produção e venda de fogos de artifício. Apenas fabricantes devidamente licenciados, submetidos a controle técnico e autorizados a comercializar produtos silenciosos, deveriam operar no país.
A manutenção de um mercado clandestino, abastecido por depósitos improvisados e produtos de alto ruído, transforma bairros inteiros em potenciais zonas de risco, enquanto ignora completamente o impacto que esses artefatos causam aos animais, pessoas e meio ambiente.
A explosão ocorreu por volta das 19h45 e transformou a rua em um cenário de guerra, com nuvens de fumaça, carros destruídos, vidros estilhaçados, moradores correndo por segurança. Os focos de incêndio persistiram por horas causando a morte de uma pessoa e deixando pelo menos 10 feridos.
A Defesa Civil interditou interditou imóveis a até 150 metros de distância do depósito, e o Corpo de Bombeiros ainda apura a causa exata do acidente, mas confirma que o local funcionava como armazém de fogos usados em balões.