Cabo Oliveira é um vira-lata que foi adotado pelo 17o Batalhão da Polícia Militar, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Simpático, ganhou farda e uma conta no Instagram que o transformou no mascote oficial da PM. O mesmo aconteceu com o gato Bino, que apareceu no Poupatempo da cidade paulista de São José do Rio Preto. Adorável, o bichano tem até crachá de funcionário. No Mato Grosso, o cão Ulisses é frentista de um posto de gasolina. Esses animais alegram os locais de trabalho e se tornam um alívio para a saúde mental de clientes. Acolhidos, encontram um lar e uma função que lhes é natural: ser amigo do homem.
É assim que o policial Cristiano Oliveira, 34 anos, define a companhia de caramelo que amparou em 2018. O animal surgiu ferido no batalhão e, rapidamente, se integrou à equipe ao “participar” das rondas, passear na viatura e correr atrás das motos. “Parece até que foi policial em outras vidas”, diz o PM. Ele admite que, inicialmente, temeu retaliações de seus superiores por exibir o cão vigilante na internet. Em vão, pois virou pet da guarda. “Ele humanizou a polícia, que tem histórico de truculência”, analisa. “O ambiente é pesado. Oliveira faz todos rirem”.
No Poupatempo de São José do Rio Rio Preto, Bino cumpre o mesmo papel por cochilar pelas baias. Com ares de Garfield, o gato faz amizade com todos e, principalmente, com o público. “Quando alguém chega nervoso e vê um bichinho tão dócil, há uma quebra de gelo”, narra a diretora de atendimento Alexandra Redigolo, 49 anos. Bino, acredite, tem tutora e um lar. A veterinária Victoria Capato é a dona, mas desistiu de levá-lo para casa. “Ele volta, pois mora aqui perto”, diverte-se Alexandra.
Em Barra do Garças, no Mato Grosso, o vira-lata Ulisses também conquista por andar uniformizado pelo posto Ale Rodocar. “Ele dorme o dia inteiro, mas fica alerta à noite, fazendo companhia para quem trabalha nesse horário”, conta Marluci Ribeiro, gerente da revenda. Para Sueli Conte, psicóloga com especialização em Neurociências pela PUC de São Paulo, quando é possível a adaptação de um animal ao ambiente de trabalho os benefícios são notáveis. “As pessoas se tornam alegres, sensíveis, empáticas e carinhosas. É um amor puro, que desperta sentimentos genuínos”, diz ela.
O veterinário Carlos José Valise, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, enaltece um significado maior no vínculo: “Esses tutores são verdadeiros anjos que não se conformam em ver o sofrimento de animais nas ruas. E os pets só querem retribuir o carinho com lealdade imensurável”.
Fonte: Istoé