Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Entre as raças de cães mais populares nos Estados Unidos estão os buldogues e os buldogues franceses. Em 2016, o American Kennel Club anunciou que buldogues foram a quarta raça mais registrada e os buldogues franceses ficaram em sexto lugar. Como é frequente, os labradores retrievers permaneceram no topo da lista.
Os grandes olhos e cabeças dos buldogues fazem com que eles tenham um olhar cativante que lembram um filhote e que muitas pessoas acham irresistível. Porém, seus focinhos truncados também estão associados a uma série de problemas de saúde que causaram um crescente alarme e graves críticas sobre a reprodução de animais feitas por veterinários, geneticistas e ativistas.
De acordo com a reportagem do Washington Post, o clamor em relação aos cães de nariz curto ou braquicefálicos foi particularmente pronunciado na Grã-Bretanha, onde o debate fez com que o Kennel Club do país revisasse os padrões para buldogues e outras raças.
No entanto, os cães não são os únicos animais que os humanos criaram para ter cada vez mais rostos achatados. Gatos, como os persas, também possuem a mesma característica. Mais surpreendentemente ainda é o fato de isso acontecer também com alguns coelhos.
O anão holandês, por exemplo, é um coelho incrivelmente bonito e muito pequeno que um site de criação de coelhos descreve como “uma cabeça de bola colocada sobre um corpo de bola”.
Esta e outras raças, como o Lionhead – um animal que não se parece com nenhum coelho selvagem que as pessoas já viram pulando em um campo – muitas vezes sofrem de problemas dentários, infecções de ouvido e transbordamento nos dutos lacrimais, de acordo com três instituições de caridade de bem-estar animal que estão tentando chamar a atenção para os problemas médicos de gatos e coelhos braquicéfalos.
Para salientar a questão, os grupos divulgaram fotos dos animais com faces achatadas sobrepostas aos seus rostos naturais.
A crescente demanda por coelhos de face achatada “é desastrosa”, disse Richard Saunders, veterinário-chefe da organização britânica Rabbit Welfare Association and Fund.
“Dentes de coelhos crescem continuamente ao longo de toda a vida e devem se alinhar exatamente para o desgaste uniforme. A face plana significa que a mandíbula inferior é mais longa do que a superior e os dentes não se alinham. Os dentes logo se desenvolvem, provocando dor crônica, bocas laceradas, abscessos e, em muitos casos, morte”, adicionou.
Uma porta-voz da Associação Médica Veterinária Americana, Sharon Granskog, disse que “raças anãs e de faces achatadas parecem ser uma tendência crescente”, nos Estados Unidos, mas não há dados sobre sua prevalência. Segundo ela, malformações na mandíbula e complicações dentárias são comuns entre coelhos de nariz curto e problemas cerebrais relacionados a raças com crânios em forma de abóboda também são um problema.
Neste país, a oposição à criação de animais com “rostos de bebês”, mesmo cães, tem obtido pouca atenção. Entretanto, há sinais de um crescente desconforto.
A AVMA considerou recentemente uma nova política afirmando que os domésticos “não devem ser criados” caso possuam “condições hereditárias como a síndrome do braquicéfalo, algumas doenças nas articulações, deformação óssea, problemas no coração e olhos ou de comportamento”. Uma explicação da política proposta também cita “coelhos de faces planas” e sua predisposição a doenças dentárias devido à forma de seus crânios.
Essa política foi contraposta por alguns grupos de criadores de cães e a associação acabou adotando uma política que não menciona a braquicefalia ou qualquer desordem pelo nome. Ao invés disso, a AVMA que apoia a pesquisa sobre doenças hereditárias e genéticas e encoraja os veterinários a conversarem com criadores e tutores de animais sobre “as responsabilidades envolvidas na criação e seleção de animais domésticos”.
É vergonhoso que essa política incentive a reprodução de animais para atender os caprichos dos humanos. Esta é mais uma forma de exploração que, além de provocar um enorme sofrimento e causar doenças nos animais, agrava o problema dos animais abandonados ou daqueles que estão à espera de novas famílias em abrigos. Se as pessoas querem tutelar um animal, devem optar pela adoção responsável ao invés de estimular essa terrível indústria.