Há quase um ano, a prefeitura de Pirque, no Chile, anunciou que as pessoas que alimentassem os cães de rua seriam multadas. A sanção, no entanto, não se aplica àqueles que abandonam seus animais de estimação na comunidade, que, aliás, não têm nenhuma punição.
Recentemente cerca de dez cães foram encontrados na região, mortos a tiros. Não é a primeira vez que isso acontece. Há menos de um ano, 11 cães foram encontrados assassinados.
O relato de Patrícia, que cuida de cães de rua em Pirque, é comovente: “Criaturas inocentes e boas, indefesas nas mãos do ser humano. Amanhã não quero acordar, não quero pensar, só quero abraçar meus cachorrinhos, mesmo que seja em sonho. Me perdoem por ser tão inútil e não ter conseguido protegê-los”.
Infelizmente, dos cães que cuida, dois foram encontrados baleados. Um deles, Cholito, continuava com sua roupinha nova para enfrentar o clima frio. Também morto e sangrando foi encontrado Rucio, em um saco de lixo, no rio.
Todos os cães estavam castrados, e com as vacinas em dia. Uma pastora alemã com seu filhote, um fiel husky siberiano que os protegia, todos foram mortos, vítimas de uma grande agonia antes do suspiro final.
São apontados como responsáveis donos de terrenos da região e a própria prefeitura, uma vez que começou a multar aqueles que se atreviam a alimentar os cães de rua. Em vez de punir aqueles que abandonam os animais, e investir em políticas públicas de esterilização dos animais de rua e conscientização da população, a ideia da prefeitura é que eles morressem de fome.
Puente Alto: cães em sacos plásticos
Em Puente Alto, também há dois anos, protetores dos animais descobriram que os animais de rua recolhidos pela prefeitura ficavam trancados durante semanas, sem água e sem comida, e eram mortos a pauladas. Na época, 40 cães foram resgatados de uma morte horrível.
Essa história triste, cruel e revoltante se repete em Puente Alto. Na manhã de 10 de junho, mais de 20 cães foram encontrados mortos e agonizando, devido à ingestão de pastilhas de veneno espalhadas pelos locais onde passavam.
Gaby Mejías, uma protetora dos animais, disse que vendedores de rua contaram que as pastilhas com venenos foram espalhadas durante a noite, e cães estavam sendo encontrados mortos nas ruas. Ela correu até a rua Manuel Rodriguez (ao lado da prefeitura) e encontrou um cenário terrível: cães mortos em sacos plásticos.
De acordo com Fabian Anticoy, que viu sua cachorra grávida morrer, os vizinhos disseram que a prefeitura havia espalhado pastilhas de veneno nas praças e terrenos baldios. Algumas ainda podem estar nas gramas das praças, e muitos temem passear com seus cães por medo de envenenamento.
Carmen Muñoz, que também teve seu cão morto, disse que em julho de 2009 viu um caminhão municipal caçar os cães e colocá-los em sacos, deixando todos amontoados no caminhão, para serem mortos. “É uma vergonha que nosso governo aprove estas medidas contra a vida dos animais, que não têm a mínima chance de se defender, e muito menos encontrar um lar”, disse ela.
Marco Enríquez-Ominami, ex-candidato presidencial, adotou um cachorrinho resgatado de uma matança que seria promovida pelo município. Disse que é um erro enorme exterminar cães de rua. “Devemos entender que a questão dos cães de rua envolve a sociedade e políticas públicas”, disse Ominami, acrescentando que Meito, o cãozinho resgatado, está muito feliz com sua família.
Com informações de PrensAnimalista