Após sete anos de exploração trabalhando para a Guarda Municipal do Rio de Janeiro, cinco cães se aposentam e têm adoção encaminhada. Os cachorros receberam muitas candidaturas para adoção, chegando a 15 em apenas um dia, por isso as inscrições foram suspensas.
Nero, Nestor, Nova Diana, Margot e Milla costumavam trabalhar em grandes shows, como o da Madonna, jogos de futebol no Maracanã e no patrulhamento de pontos de ônibus na Operação Verão, que acompanha a chegada e saída de banhistas das praias. Esses grandes eventos são ambientes estressantes para os animais devido ao barulho e à multidão de pessoas.
Todos os cães devem se aposentar aos sete anos, idade limite para a função, e a prioridade da adoção é para agentes que trabalharam e já têm um vínculo com o cachorro. Esse é o caso de Nestor, adotado pelo fuzileiro naval Renan Franco de Sousa, que havia trabalhado com o cãozinho no ano passado, quando participou de treinamento no canil da GM, na Mangueira, Zona Norte do Rio. Ele já foi para o novo lar.
Já Milla foi adotada pela guarda municipal Vivian dos Santos Araújo, que era sua condutora. Já Margot conheceu seu novo lar no início do ano, com uma família do município de Itaboraí.
Durante o processo de adoção, são avaliadas as condições do lar que acolherá cada cão. As famílias selecionadas também firmam um termo de responsabilidade, assegurando que os animais não serão submetidos a qualquer tipo de trabalho. Se nenhum candidato for considerado apto, a Guarda Municipal anunciará a reabertura do processo de adoção.
Muitos aplaudem a “folga merecida” dos cães, mas o debate deveria se voltar para a abolição dessa exploração e o investimento em tecnologias que substituem os cães em funções policiais.
Sensores eletrônicos, drones, robôs e equipamentos olfativos já são capazes de desempenhar funções como detecção de substâncias ou patrulhamento, com alta precisão e sem colocar vidas em risco. No entanto, a escolha por explorar cães reflete a exploração sofrida pelos animais, que os reduz a ferramentas descartáveis em vez de seres sencientes com direitos.
Nota da Redação: os cães aposentados da Guarda Municipal do Rio de Janeiro exemplifica uma prática que precisa ser urgentemente revista: a exploração de animais em trabalhos forçados. Por mais que a aposentadoria seja apresentada como um alívio, esses cães passaram sete anos de suas vidas submetidos a um regime de adestramento e trabalho que desconsidera seus direitos fundamentais como seres sencientes. Animais não devem ser tratados como ferramentas descartáveis para atender necessidades humanas, especialmente quando tecnologias modernas já oferecem substitutos seguros e eficazes. É preciso acabar com a exploração e promover um modelo de convivência que respeite a liberdade e a dignidade de todos os animais.