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Cães com insuficiência renal podem fazer hemodiálise

2 de julho de 2010
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Veternarios realizam sessão simulada de hemodiálise, apresentando a técnica. (Foto: José Leomar)

Os cães com insuficiência renal já podem dispor de um novo tratamento para melhorar o seu quadro de saúde. Pioneiros no Estado do Ceará, os médicos veterinários Lúcio Bouty e Carla Patrícia Mota Aragão realizam sessões de hemodiálise na Nevrovet, para animais com peso superior a 7 kg. O procedimento é apropriado não só para os quadros de insuficiência renal crônica ou aguda, mas também para os casos de intoxicações, envenenamentos e na ocorrência de doenças que causem lesão renal, tais como, Erlichiose, Diabetes, Calazar, Piometro e Leptospirose.

No Nordeste, o Ceará é o segundo Estado a oferecer o serviço, depois da Bahia. No País, há também em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Em Fortaleza, o novo serviço foi iniciado há um mês, com o tratamento de duas cadelas com insuficiência renal crônica. Na primeira, com 3 anos de idade, foram realizadas duas sessões com três horas de duração cada uma. Na segunda, com 2 anos, foram quatro sessões de duas horas cada. Segundo atestam os médicos, após o procedimento, os animais ficaram bem, e estão sendo mantidos sob dieta com ração especial e medicação específica. Esses cuidados são válidos para todos os pacientes com doenças renais.

Peso recomendável

Conforme explica Lúcio Bouty, a hemodiálise não é recomendada para animais com peso abaixo de 7 kg (peso vivo sem considerar a massa de gordura), porque há risco de queda de pressão, colapso circulatório e quadro de choque. “O procedimento é indicado para animais acima desse peso porque, como vai tirar uma quantidade de sangue para passar pela máquina de hemodiálise, essa quantidade não pode exceder o máximo que o animal comporta”, adverte ele. Assim, o tratamento não é indicado para cães muito pequenos e nem para gatos. Exceção fica para os felinos da raça Maine Coon (também conhecido como gato gigante), que chegam a atingir até 12kg.

Carla Patrícia afirma que a quantidade de sessões e o tempo de duração de cada uma delas depende da situação de cada animal. Os médicos veterinários permanecem por toda a sessão. Durante a reportagem, foi simulado um atendimento, para demonstração da tecnologia. Além de monitorar a máquina de hemodiálise, eles também supervisionam um monitor multiparamétrico que mede os batimentos cardíacos, movimentos respiratórios, eletrocardiograma e oximetria de pulso.

“A insuficiência renal é uma doença silenciosa. Daí ser importante a prevenção ou o diagnóstico precoce”, afirma Lúcio Bouty, complementando que é prática da Medicina atual observar a renoproteção, ou seja, a proteção dos rins em todo e qualquer caso. “Na insuficiência renal, o rim fica incapaz de exercer a função de excretar substâncias tóxicas ao organismo, como a ureia e a creatinina”, explica.

“Os rins falham quando 75% de sua massa funcional falha”, diz, mostrando que a hemodiálise, mesmo não tendo a capacidade de recompor os rins, possibilita tirar as toxinas do sangue, mantendo o restante da massa funcional trabalhando adequadamente.

Carla Patrícia observa que, nos casos de insuficiência aguda, mediante diagnóstico precoce, a hemodiálise serve como tratamento e não como manutenção. “Nos animais, cada caso é avaliado, dependendo da gravidade e causa da doença”.

Somente após a avaliação o veterinário tem condições de definir a prescrição sobre a quantidade e duração das sessões.

Eles contam que, muitas vezes, o animal já está em tratamento pela insuficiência renal em casa. Porém, mesmo num quadro controlado da doença, por algum motivo, está sujeito a entrar em crise urêmica novamente. A ureia é para atingir o máximo de 50 mcg. Porém, algumas vezes, dependendo do organismo, a taxa fica bem maior do que o aceitável, provocando crise no animal.

Em outros casos, uma pequena variação dessa taxa já é suficiente para provocar a crise urêmica. Geralmente, os sintomas são perda de peso, falta de apetite, vômitos e forte cheiro de urina no hálito.

Monografia

Já na graduação, feita na Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece), Lúcio Bouty iniciou ou estudos em hemodiálise de animais, durante o estágio supervisionado obrigatório, feito na Universidade Federal de Minas Gerais, sob supervisão do pioneiro na técnica no Brasil, Dr. Júlio César Cambraia Veado. Desses estudos, ele produziu a monografia “Hemodiálise na Medicina Veterinária: Indicação, Prescrição e Técnica”.

Ao decidir trazer o procedimento para o Ceará, ele, em parceria com Carla Patrícia, recebeu novo treinamento com o professor Júlio César, bem como com os representantes da tecnologia utilizada.

A Nefrovet funciona em anexo da Clínica Hotel Zoo, na varjota, em Fortaleza. Os dois veterinários colocam-se à disposição dos profissionais interessados em conhecer melhor o procedimento. Eles afirmam ser necessário cumprir com todas as exigências básicas, para que a técnica apresente a menor taxa de risco possível.

Sangue sem toxinas

Na hemodiálise não é feita filtração do sangue, mas difusão e convecção. No “rim artificial”, existem milhares de fibras biocompatíveis que viabilizam o processo. O sangue sai do paciente e entra no “rim”, passa de um lado da fibra e um líquido especial chamado dialisato passa do outro, ocorrendo uma troca entre estes líquidos. As toxinas e metabólitos saem do sangue, passam para o dialisato e são eliminados pela máquina. O dialisato é produzido automaticamente na máquina de hemodiálise pela mistura de soluções estéreis especiais e água ultrapura.

Mais informações

Nefrovet (anexo à Clínica Veterinária Hotel Zoo), Rua Frei Mansueto, 1023, Meireles, Fortaleza
(85) 3267.4028/ 3086.8486

Fonte: Diário do Nordeste

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