Inúmeros grupos de direitos animais reagiram com indignação após a decisão, que ocorre depois de vários anos de “distúrbios”, como o ataque a bois e vacas explorados por fazendeiros, cujas causas são atribuídas aos cães.
A notícia se espalhou depois que uma carta endereçada ao político André Thien Ah Koon foi enviada para a imprensa.
Embora não tenha sido feita nenhuma declaração oficial, a carta mostrou que as autoridades locais já estavam trabalhando na “criação de uma louveterie (equipe de caça de cães)” e logo faria um “pedido de candidaturas de caçadores no departamento […] que será iniciado no primeiro semestre de 2018”.
A medida faz parte de um plano para reduzir a quantidade de cães abandonados e ataques dos animais na ilha. Além disso, há planos de esterilizar e castrar mais animais capturados, matar os considerados “perigosos”, realizar um estudo sobre a situação dos animais abandonados na região e uma campanha para alertar os tutores sobre a importância de colocar identificação e microchip nos animais.
Solução imoral e ineficiente
As organizações de proteção animal sabem que a ilha possui um grande problema de animais desabrigados, mas “condenam fortemente uma solução não apenas considerada imoral, mas também ineficiente”.
Elas ressaltam que disparar brutalmente em cães desabrigados não soluciona o problema, já que um único cão pode ter “cerca de 60 mil descendentes (…) em seis anos”.
Os ativistas recordam o caso de Marrocco, que tentou resolver o problema dos animais abandonados ao matar animais e não teve resultados convincentes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os cães sobreviventes conseguem se reproduzir o suficiente para substituir as perdas.
Aumento do abuso de animais
De acordo com o The Holidog Times, a declaração conjunta dos grupos também manifestou preocupações de que a decisão pode resultar no aumento do abuso de animais, que já é um grande problema na ilha.
“Qualquer um poderia sentir que é justo atirar em um cão, mesmo em seus vizinhos. Muitos dos ataques são de cães domésticos, de acordo com os fazendeiros com quem falamos. Corremos o risco de ver mais casos de pessoas tentando obter justiça para seus animais mortos e isso pode se deteriorar rapidamente”, alertaram as organizações.
Quando se trata de animais abandonados, a Organização Mundial de Saúde recomenda programas de TMS (armadilhas, castração, liberação), nos quais os animais são capturados, castrados e depois libertados. Este método, utilizado na Índia e no Peru, significa que cães e gatos abandonados que não podem ser adotados não criarão ou piorarão o problema.
Mobilização de ativistas
Diversos grupos de direitos animais se manifestaram contra o movimento, incluindo o 30 Millions d’Amis e a la Fondation Brigitte Bardot.
Uma petição foi iniciada para pressionar que o governo da região construa mais abrigos e invista em programas de castração. Ela foi assinada por mais de 11 mil pessoas.