Contra todas as probabilidades, Zoe conseguiu sobreviver para partilhar a sua história. A cadela foi encontrada nas ruas de Cairo, no Egito, num estado dramático: tinha as quatro patas e as duas orelhas mutiladas propositadamente. Mesmo com as feridas expostas, continuou a cuidar de uma ninhada de cachorros até ser salva.
Em março, Debbie Pearl, uma voluntária da associação Animal Protection Foundation (APF), que atua no Egito, foi a responsável por decidir acolher Zoe que meses depois partiu em direção a Los Angeles, nos EUA.
Embora na altura já tivesse 11 cães sob os seus cuidados, a voluntária não ficou indiferente e sentiu uma conexão inexplicável com a cadela, especialmente pela força que mostrou ao continuar a cuidar dos cachorros mesmo na situação em que estava.
Até à data, a voluntária não sabe o que aconteceu com a cadela, mas tem uma ideia, visto que na mesma época acolheu também Elliot, um cachorro que chegou com as mesmas feridas que Zoe. Ambos os cães têm o pelo preto e a protetora acredita que terão sido vítimas de estereótipos por causa da cor. É também possível que tenham sido mutilados para serem usados em rituais.
“Ela tinha todas as pernas em falta, estava a sofrer, mas nunca abandonou os seus filhotes. Fez tudo o que conseguiu para cuidar deles. Lutou para se manter viva e para tratar deles”, disse Debbie Pearl à revista “Newsweek”.
Quando teve o primeiro contato com a família de cães, Debbie percebeu que a associação egípcia não tinha as ferramentas necessárias para tratar das feridas da cadela. Os cachorros ficariam seguros na APF e seguiriam para adoção, mas Zoe teria de viajar até aos EUA para ter uma oportunidade.
“Se ela ficasse no Egito, não conseguiria obter ajuda nem recuperar a vida, porque eles simplesmente não têm os recursos para fazer o que podemos fazer nos EUA em termos de fornecimento de dispositivos de mobilidade e próteses”, explicou. Com o apoio do 15/10 Foundation, um projeto criado para ajudar a recolher fundos monetários para tratar dos animais de ninguém, Zoe embarcou para o país norte-americano onde está agora a reaprender a viver.
Em 27 de novembro, recebeu as primeiras próteses para as patas e não escondeu a alegria. “Ela pode parecer o Bambi no gelo agora, mas esta miúda estará a galopar graciosamente graças ao apoio que recebeu de todos os que ajudaram. Como podem ver, ela está absolutamente animada com as suas belas pernas e não consegue parar de abanar a cauda”, escreveu a 15/10 Foundation numa publicação no Instagram.
Zoe ainda tem um longo caminho pela frente, mas o seu futuro promete ser brilhante. “Foi incrível vê-la andar com as próteses. Ela colocou-as e sabia que eram a sua liberdade”, apontou Debbie. “É uma força imparável”.
Fonte: Pets in Town