Uma cadela sobreviveu após ter o pescoço transpassado por uma flecha na cidade de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Vítima de maus-tratos, ela também foi atingida por outra flecha na região perianal. Apesar dos ferimentos que sofreu, nenhum órgão foi afetado e o animal passa bem.

No último domingo (3), após ser torturada pela segunda vez, a cadela foi socorrida por moradores do bairro Residencial Palmira e encaminhada a uma clínica veterinária no município de Contagem.

De acordo com o médico veterinário que atendeu a cadela, ela estava ativa e aparentemente bem quando chegou à clínica, embora estivesse ferida. “Uma flecha estava no pescoço de um lado pro outro. Aí retiraram. Depois, ela [a cadela] apareceu com outra na região perianal. Eles [os moradores] retiraram de novo. O animal chegou aqui apenas com as feridas e superbem, ativo à manipulação”, relatou ao G1 o veterinário Wander Glayson Pereira Barbosa.

Na clínica, a cadela foi medicada com remédios para combate à dor e também anti-inflamatório, além de ter sido submetida a exames. Durante a consulta, as feridas do animal foram limpas e, apesar da gravidade do crime cometido contra ela, nenhuma intervenção cirúrgica foi necessária.

Em relação aos exames, Barbosa afirmou que foram feitas duas radiografias e que ambas “não mostraram nada” de errado com a cadela.

Depois de passar o período da manhã na clínica, a cadela foi levada pelo Corpo de Bombeiros a pedido do médico veterinário, que entrou em contato com a corporação para solicitar que o animal fosse entregue ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da prefeitura.

Na ocasião, o profissional explicou que a cadela passaria a noite no batalhão e seria levada à sede do CCZ nesta segunda-feira (14). “Ele está super bem, nem parece que passou por nada. É um milagre. Por ter sido próximo ao pescoço, foi um milagre não ter atingido nenhuma estrutura importante”, reiterou Barbosa.

Não se sabe quem cometeu o crime de maus-tratos contra a cadela. Caso seja identificado, o agressor pode ser punido com até cinco anos de prisão, além de multa e da proibição de tutelar animais, penalidades previstas na Lei Sansão. Sancionada no final de 2020, a legislação aumentou a pena para crimes de maus-tratos contra cães e gatos e foi nomeada em homenagem ao pit bull Sansão, cão que teve suas patas traseiras decepadas.

Objetos cortantes devem ser retirados por profissionais

Conforme relatado pelo médico veterinário, as flechas que perfuraram o corpo da cadela foram retiradas pelos moradores do bairro. Esse procedimento, no entanto, não é recomendado, mesmo quando é bem intencionado.

Apenas um veterinário pode fazer a retirada de objetos cortantes em caso de perfuração de animais vítimas de maus-tratos ou acidentes. Isso porque essa retirada, quando feita de maneira amadora e até mesmo equivocada, pode aumentar ou causar lesões internas.