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Cadela perde a visão do olho esquerdo após ter órgão perfurado

26 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Neguinha perdeu a visão após ter olho perfurado (Foto: Thaís Gomes de Souza/Arquivo pessoal)
Neguinha perdeu a visão após ter olho perfurado
(Foto: Thaís Gomes de Souza/Arquivo pessoal)

Uma cadela perdeu completamente a visão do olho esquerdo depois de ter o órgão perfurado, em Terezópolis de Goiás, região central do estado. O animal chegou a ser levado para um hospital veterinário, onde foi atendido, mas como a lesão era muito profunda, o problema se tornou irreversível. O caso está sendo investigado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema).

Neguinha, como foi batizada, foi localizada no último dia 13. Nesta data, Thaís Gomes de Souza, advogada e presidente da Associação Protetora e Amigas dos Animais (Aspaan) de Anápolis, município vizinho a Terezópolis, recebeu uma ligação para denunciar o que havia acontecido com o animal.

“Uma mulher me ligou dizendo que havia uma cadela com o olho furado. Já tinha que ir à cidade naquele dia e aproveitei para resgatá-la. Me disseram que quem havia feito aquilo eram crianças de um conjunto habitacional que são usuárias de crack”, disse Thais.

A advogada conta que até tentou registrar uma ocorrência, mas não conseguiu devido à greve dos policiais civis em Goiás. Mas ela afirma que recebeu uma ligação de representantes do Ministério Público de Goianápolis, responsável por Terezópolis, oferecendo ajuda. “Eles disseram que vão procurar os pais das crianças suspeitas de terem feito isso”, revela.

Quando foi ao local, Thaís estava acompanhada do amigo e veterinário Diego Moreira Fabiano. O profissional foi o responsável por prestar o primeiro atendimento ao animal. Ele lembra que a situação de Neguinha era bastante complicada.

“O olho estava muito vermelho, inchado e com secreção. Ela não estava desnutrida porque um senhor que mora na cidade sempre a alimentava. Apesar disso, ela estava bastante assustada e arredia. Ela teve que ficar internada por pouco mais de uma semana na clínica onde trabalho”, recorda.

Polícia investiga caso de Neguinha (Foto: Thaís Gomes de Souza/Arquivo pessoal)
Polícia investiga caso de Neguinha
(Foto: Thaís Gomes de Souza/Arquivo pessoal)

Diego conta ainda que, como a perfuração foi muito profunda, não foi possível reconstituir o globo ocular do animal e, por isso, ela perdeu toda a visão do olho esquerdo. O tratamento para não acarretar mais consequências à saúde de Neguinha foi feito com colírios, antibióticos e anti-inflamatórios.

Investigação

O delegado Luziano de Carvalho, titular da Dema, informou  que tomou ciência do fato e começará a investigar o caso. Ele explica que o autor pode ser enquadrado no artigo 3 da lei de 9.605, que trata dos crimes ambientais.

“Temos que identificar a autoria e ver o relatório clínico do animal para descobrir o que houve. A partir disso, podemos indiciar o culpado, que deve responder por maus-tratos. A pena pode chegar a um ano de prisão, além do pagamento de multa de até R$ 3 mil”, explica Carvalho.

“Um povo sem educação não tem salvação. Faltam cultura e respeito. Nenhum animal pode ser tratado como coisa, como um ser que não sente dor. Falta conscientização. Já vi pessoas deixarem mais de 100 vacas morrerem de fome. Isso é pura maldade”, lamenta.

Amor

Assim como Neguinha, Thais explica que a Aspaan de Anápolis cuida de mais 400 cães e 150 gatos abandonados ou vítimas de maus-tratos. Os gastos são grandes e dar atenção aos animais também demanda tempo. Mas ela não reclama do trabalho.

“Faço por amor. Eu e mais um grupo de cinco mulheres temos que arcar com uma despesa de aproximadamente R$ 15 mil por mês. São 250 kg de ração por dia, fora funcionários e medicamentos. Para isso, fazemos eventos beneficentes e, às vezes, tiramos até do nosso bolso para conseguir pagar as contas”, explica.

Apesar da violência cometida contra Neguinha, ela diz que este não foi o caso mais grave que já presenciou. “A gente nunca se acostuma com a maldade. Já vi cães que foram queimados com óleo quente e que foram amarrados em cima de um formigueiro. É cada vez pior”, reclama.

Fonte: G1

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