Os incêndios que devastaram a Serra da Covilhã, Portugal, em agosto, não pouparam vidas nem paisagens, deixando um rastro de destruição e sofrimento. Entre as vítimas, uma cachorra de apenas cinco meses, atropelada enquanto fuga do fogo, tornou-se um símbolo de resiliência.
Ao tentar escapar das chamas, uma pequena cadela, então sem nome, foi atingida por um veículo e abandonada à beira de uma estrada. Ferida e sem forças, ela conseguiu se arrastar até uma calçada, onde se abrigou entre arbustos. Quando foi encontrada, muitos acreditaram que estava morta, exceto pelo brilho que ainda persistia em seus olhos.
Levado à Clínica Veterinária da Covilhã, ela recebeu o nome de Variante e passou por uma cirurgia delicada nas suas duas patas do lado direito, fraturadas no acidente. Ambas precisaram de placas para fortalecer os ossos. A associação Instinto da Covilhã assumiu os custos do tratamento e decidiu dar à cadela um nome que refletisse a sua força: Girafinha.
Uma nova chance de viver
Embora tenha despertado o interesse inicial de uma família para adoção, a recuperação da cadela foi mais complexa do que o esperado, resultando na amputação de uma das patas. Esse estudo estruturou suas chances de encontrar um lar definitivo. Ainda assim, Girafinha se recuperava em um lar temporário enquanto a associação buscava uma família que pudesse oferecer o amor e os cuidados necessários.
Após semanas de incertezas, uma família que acompanhava sua história decidiu adotá-la, ignorando a distância geográfica e registrando sua determinação em viver. Em homenagem à Serra da Estrela e às faias queimadas nos incêndios, deram à cadela o nome de Faia.
Superação e inspiração
Os primeiros dias no novo lar trouxeram à tona os traumas do passado: Faia tremia ao ouvir o som de caminhões de lixo, ônibus e trens. Sua aparência diferente também despertava olhares curiosos nas ruas e comentários sobre sua condição. Para combater o preconceito e mostrar que Faia leva uma vida plena e normal, sua família criou um perfil no Instagram, compartilhando sua rotina e desmistificando a ideia de que cães com necessidades especiais são “coitadinhos”.
Hoje, Faia é um exemplo vivo de superação. Seu olhar brilhante e sua capacidade de se adaptar às adversidades inspiram todos que a conhecem. “Ela nos mostra que, mesmo com três patas, a vida pode ser cheia de amor, alegria e novas oportunidades”, diz sua tutora, emocionada.
A força das Faias
Sempre que incêndios assolam o país, Faia é lembrada como um símbolo da luta pela sobrevivência e renascimento. Como as árvores que carregam seu nome, ela resistiu às tempestades, renasceu das cinzas e encontrou uma nova chance de florescer.
A história de Faia não é apenas sobre sobrevivência, mas sobre a força do amor e a determinação em transformar tragédias em recomeços.