Olívia, uma cadela idosa brutalmente atropelada na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, poderia ter o sofrimento e a morte como destino não fosse a corrente de solidariedade que se formou ao seu redor. Protetores de animais que se uniram para resgatá-la acreditam que o motorista, que fugiu sem prestar socorro, atropelou a cadela de maneira intencional. O caso é investigado pela polícia.
Apesar do sofrimento que viveu, Olívia teve seu destino transformado. Resgatada, ela recebeu atendimento veterinário e foi submetida a uma cirurgia – em breve, terá que ser operada novamente. Hoje, ela já caminha sozinha e tem uma família que aguarda para adotá-la.
O atropelamento foi registrado por uma câmera de segurança e as imagens comoveram o comissário de bordo Ricardo Zeller, de 36 anos. Protetor de animais, ele sabia que não poderia fechar os olhos para a trágica história de Olívia.
“A Olívia entrou na minha vida através de uma câmera de segurança de uma residência. A gravação mostrou o atropelamento dela. Ao que tudo indica foi proposital, pois havia uma distância suficiente para o motorista avistar a cachorra. Após o atropelamento, a cachorrinha ficou agonizando e tentando se levantar. Foi atropelada justamente nas patinhas traseiras. Ela se arrastou para uma oficina ao lado, onde ficou de um dia para o outro. Logo após eu ver o vídeo, que foi postado por um amigo que trabalha com câmeras, me sensibilizei e prometi que não iria deixar a bichinha sofrer e padecer”, contou ao jornal Extra.
Por ter uma viagem programada para a data em que Olívia precisava de ajuda – no final de janeiro -, Ricardo pediu a ajuda da protetora de animais Newa Carvalho, de 37 anos, que fez o resgate da cadela. O comissário de bordo, por sua vez, divulgou as imagens do atropelamento nas redes sociais, gerando uma corrente de solidariedade que permitiu que Olívia pudesse receber o tratamento adequado.
Uma semana após o atropelamento, a cadela foi submetida a uma cirurgia que custou aproximadamente R$ 5 mil – valor arrecadado através da campanha iniciada pela ação dos protetores de animais. Alguns exames ao qual Olívia foi submetida foram oferecidos gratuitamente por clínicas veterinárias, além do primeiro atendimento, também feito sem nenhum custo pela médica veterinária Érica Dias. E foi justamente ao consultar a cadela que a veterinária descobriu que Olívia tinha tumores de mama. Por conta do câncer, uma nova mobilização foi iniciada para arrecadar cerca de R$ 2 mil para outra cirurgia, durante a qual a cadela também será castrada. Os valores arrecadados, no entanto, não cobrem as dívidas com medicamentos e alimentação especial no pós-operatório.
“Recebemos doações de amigos, familiares e até pessoas que nunca vimos na vida entravam em contato oferecendo ajuda. Gente de toda parte do Rio. As pessoas se sensibilizaram com o caso, pela força das imagens do atropelamento. A cena comove. Seria diferente se tivéssemos contado a história. Foi um ato covarde. Ela não enxerga direito, por causa da idade. O motorista do carro viu, mas não desviou. O farol estava alto. A gente acredita que ele viu sim”, afirmou a protetora Newa Carvalho, que continua cuidando da cadela.
Para Ricardo, a cena de Olívia caminhando pela primeira vez após a cirurgia foi emocionante. A felicidade ficou completa quando uma pessoa se dispôs a adotá-la. “Agora ela vai ter um finalzinho de vida digna, que merece”, comemorou.
Newa, por sua vez, diz que irá sentir falta da cadela, mas também está feliz por ter conseguido uma família para ela. “Serve para que as pessoas se sensibilizem para a importância de cuidar bem dos animais”, disse.
Interessados em colaborar financeiramente com o caso podem entrar em contato com a protetora através do Instagram @newacarvalho.