Um vídeo gravado na véspera de Natal mostra um cachorro entrando calmamente em uma loja, escolhendo uma pelúcia e levando o objeto na boca, sem pressa e sem alarde. Não era brincadeira nem espetáculo. Era escolha, desejo e, sobretudo, necessidade de conforto em meio a uma rotina dura.
Funcionários de uma loja da rede Miniso em Mérida, capital do estado de Yucatán, no México, perceberam a situação e tentaram recuperar a pelúcia, seguindo o protocolo comercial. Diante da tentativa de tirar o objeto do animal, clientes que acompanhavam a cena intervieram. Em vez de permitir que o cachorro fosse afastado mais uma vez do pouco que havia conseguido, eles se ofereceram para pagar o brinquedo.
Ver essa foto no Instagram
O gesto coletivo transformou o que poderia terminar em uma expulsão do cachorro em um ato de solidariedade e responsabilidade. Ao se organizarem para quitar o valor do brinquedo, os visitantes reconheceram algo que costuma ser negado a animais em situação de rua. O direito ao cuidado, ao afeto e a uma vida minimamente digna, ainda que simbolizada por uma pelúcia.
Cães abandonados seguem invisíveis até o instante em que cruzam espaços de consumo, onde sua presença passa a incomodar ou a comover, raramente a provocar reflexão sobre o sistema.
O cachorro saiu com a pelúcia garantida e seguiu seu caminho. Mas enquanto casos assim viralizam, milhões continuam sem proteção, assistência pública ou políticas eficazes que enfrentem o abandono como violação de direitos e não como algo cotidiano.
Que este fim de ano, com sua carga de reflexão e renovação, sirva para lembrar que a bondade verdadeira deve ser ativa, constante e para todos.