Coyote, um pastor-belga de três anos, foi forçado a saltar de paraquedas a 12 mil pés de altura durante um treinamento tático da Polícia Militar de São Paulo em Boituva. A corporação descreve o animal como um “símbolo de coragem”, mas a realidade é bem diferente: mais um caso de exploração institucionalizada de animais, tratados como ferramentas de trabalho, sem qualquer consideração por seu bem-estar físico e emocional.
Cães não são soldados e nem policiais, muito menos paraquedistas. Eles não escolhem arriscar suas vidas em operações perigosas, são obrigados a isso. O estresse causado por um salto de paraquedas, com equipamentos pesados e um ambiente totalmente antinatural para um animal, é ignorado pela PM, que insiste em normalizar esse abuso em nome de uma falsa “eficiência”.
O argumento de que o cão “se manteve tranquilo” é enganoso, pois os animais submetidos a adestramento coercitivo muitas vezes entram em estado de resignação, um mecanismo de sobrevivência, não de consentimento.
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A exploração de cães pela polícia e pelo Exército precisa acabar. Esses animais não são “recursos” à disposição humana – são seres sencientes, que sentem medo, dor e angústia. O uso de cães em operações de alto risco os coloca em situações traumáticas, desde confrontos violentos até saltos aéreos desnecessários, tudo para servir a interesses institucionais.
A justificativa de que o treinamento é “importante” para situações específicas não muda o fato fundamental: animais não existem para trabalhar para humanos. Se há necessidade de operações aéreas, que sejam realizadas por profissionais humanos, que ao menos têm a capacidade de entender e consentir com os riscos.
Enquanto instituições como a PM e o Exército continuarem tratando animais como equipamentos descartáveis, histórias como a de Coyote serão vendidas como “heroísmo”, quando, na verdade, são exemplos de crueldade.
Até quando a sociedade vai aceitar que animais sejam usados como ferramentas de trabalho, sujeitos a estresse, perigo e sofrimento, sem qualquer direito à própria vida?