Um homem atirou em um cachorro após se assustar com os latidos do cão em Guarujá, no litoral de São Paulo. A família tutora do animal relatou estar revoltada com o ataque, que deixou a pata do cão fraturada. A Polícia Civil investiga o caso.
Max é um cachorro sem raça definida, que tem aproximadamente 12 anos e vive há quase 11 com o casal. A filha dos tutores relatou que o pai sai para trabalhar no início da manhã. O cão sempre acompanha o homem até a rua, pois ele costuma ficar um tempo em frente de casa arrumando o veículo que usa para o serviço, no bairro Jardim dos Pássaros.
“É perigoso e escuro demais, então o cachorro está sempre junto. Fica solto porque é um horário que não tem ninguém na rua”, afirmou a enfermeira, de 36 anos, que preferiu não ser identificada.
A mulher contou que, na quarta-feira (7), o pai saiu de casa um pouco depois do horário de costume e, por volta de 6h10 apareceu um homem. Com a presença diferente, Max correu e começou a latir, assustando o desconhecido. “Meu pai falou: ‘fica tranquilo, sossegado, ele não morde’. Mas o cara pegou uma pedra e jogou”, descreveu.
Como Max não parou de latir no primeiro ataque, o homem pegou uma pedra ainda maior na mão e foi interceptado pelo tutor do cão. “Meu pai disse: ‘acabei de falar que ele não morde, não precisa fazer isso, você vai machucar o cachorro e acabar arranjando problema comigo. Não faz isso, ele só late’”.
O desconhecido não gostou da atitude e calmamente sacou uma arma de dentro da pasta que ele segurava. De acordo com a mulher, o desconhecido apontou a arma para o pai dela e pediu para ele repetir o que havia dito.
“Meu pai falou: ‘já disse e tu ouviu. Se quiser atirar, atira, só que vai dar problema para sua cabeça atoa’. Nisso, o Max já estava sentado do lado do meu pai. O homem continuou apontando a arma para o meu pai, quando desviou e atirou no cachorro”, relatou.
Após o tiro, o homem seguiu andando na rua, enquanto o cão correu para debaixo do veículo da família. O tutor ligou para a esposa para informar sobre o ferimento em Max e começou a seguir o desconhecido.
O suspeito continuou o percurso ameaçando o pai da enfermeira. “Conforme ele apontava a arma, meu pai tentava se esconder atrás de carro, de árvore, essas coisas”, afirmou a mulher. O pai dela conseguiu seguir o agressor até ele embarcar em um ônibus.
Socorro
A vítima acionou a polícia e, após encontrar a equipe policial, retornou para casa para socorrer o cachorro. Max foi levado ao hospital veterinário, onde foi constatada uma fratura causada por arma de fogo na pata.
“Atingiu como se fosse o ombro. O projétil transfixou [perfurou] e atingiu como se fosse a articulação”, disse a filha dos tutores.
Segundo a enfermeira, os veterinários optaram por seguir com um tratamento conservador com o ferimento. “Pode ser que a cirurgia acabe machucando mais, piorando a situação”, explicou a mulher. De acordo com ela, a pata do animal foi imobilizada e ele terá que ser reavaliado toda semana.
Investigação
A mulher procurou imagens do crime nas câmeras de monitoramento da rua, mas só conseguiu o vídeo do homem caminhando pela via após o ataque. Com isso, a vizinhança identificou o suspeito como um policial aposentado morador do bairro.
Porém, a família ainda não tem dados concretos sobre o homem e, desde então, vive com medo. “E se esse homem voltar de madrugada? Se atirar no cachorro pelo portão? E se atirar no meu pai? A gente não sabe, a gente está percebendo que ele é louco e não tem nada a perder”, afirmou a enfermeira.
Segundo ela, o sentimento é de revolta, insegurança e indignação. O caso foi registrado como ameaça, ato de abuso aos animais e disparo de arma de fogo na Delegacia de Polícia de Guarujá.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que diligências estão sendo realizadas para apurar o crime.
Fonte: G1