Durante meses, o cachorro Pirulito ocupou o mesmo pedaço de calçada diante de uma padaria em Piracicaba, no interior de São Paulo. Era visto diariamente, recebia restos de comida, afagos rápidos e alguma ração. Ainda assim, permanecia exposto ao frio, ao calor, ao trânsito intenso e a doenças, sem qualquer garantia de proteção.
O momento que mudou a trajetória de Pirulito foi registrado em vídeo por André Bandeira, morador da cidade. Ao passar de carro com a família, ele avistou o cachorro magro, deitado no local de sempre, e fez uma promessa em voz alta. “Pirulito, eu vou vir te buscar, tá? Na volta você vai pra casa.” A família seguiu viagem, mas decidiu retornar à padaria antes de ir para casa para verificar se o cachorro ainda estaria ali.
Durante o trajeto, André comentou a expectativa. “Tomara que ele esteja por ali, que ele esteja bem.” Ao se aproximarem novamente do local, Pirulito continuava na calçada, deitado no mesmo ponto. Ao vê-lo, André reagiu. “Olha ele lá… deitadinho ali. Coitado… a gente vai cuidar muito dele.”
@bandeira.andre Pirulito nosso amorzinho! O dia do seu resgate!❤️🍭🐕 #pirulito #pet #cachorro #dog #auau #amor #adote #vereadorandrebandeira #piracicaba #piracicabacity ♬ som original – André Bandeira
Antes de levá-lo, André e a esposa conversaram com funcionários da padaria para confirmar se o cachorro tinha responsável. A resposta foi negativa, como já ocorria havia meses. Mesmo assim, por cautela, André deixou um telefone de contato no estabelecimento, caso alguém aparecesse procurando o animal. Ninguém entrou em contato.
O deslocamento até a nova casa exigiu organização. André é cadeirante e seguiu no carro, enquanto a esposa e funcionárias de um comércio próximo acompanharam o cachorro a pé até o condomínio. Para facilitar o trajeto, usaram comida para conduzi-lo, recurso comum em resgates de animais em situação de rua. Em determinado momento, a fala que marca a transição definitiva foi registrada. “Pirulito! Vamos? Vamos pra casa, Pirulito?”
Já no novo endereço, o cachorro passou a ter acesso regular a alimento, água, abrigo e atendimento veterinário. O contraste com a rotina anterior foi imediato. O animal que antes dependia de doações esporádicas e restos de comida passou a viver em um ambiente seguro, com espaço para descanso e convivência.
Antes da adoção, Pirulito era tratado como um cão comunitário. Pessoas da região ajudavam como podiam, inclusive com ração oferecida com frequência pela esposa de André. Ainda assim, essa forma de cuidado não eliminava os riscos nem assegurava bem-estar contínuo. A adoção encerrou de forma definitiva a permanência do cachorro nas ruas.
Um ano depois, Pirulito apresentou ganho de peso, melhor condição física e uma rotina estável.