Leonardo Vieira de Almeida
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Em 01 de julho deste ano, foi publicado na ANDA, o caso de maus-tratos contra o cachorro Apolo, primeiro abandonado por sua tutora, e, posteriormente, mantido por quase um ano acorrentado na garagem do edifício de no. 116, na Avenida Vinte e Oito de Setembro, Vila Isabel, no Rio de Janeiro.
No último sábado, 27 de agosto, por fim, Apolo, por intermédio de uma denúncia feita no Ministério Público, foi libertado. A grande felicidade de ver a justiça, num país de tantos desmandos, fazer valer a sua força, só não ultrapassou a alegria de saber que este animal começa uma nova vida, com o carinho que todos os seres vivos merecem.
A liberdade de Apolo não poderia ter sido conquistada sem os diversos conselhos de amigos e desta agência de notícias, para que eu recorresse ao Ministério Público; sem o abaixo-assinado dos moradores de meu prédio, todos condoídos com a situação do cachorro; e, principalmente, sem a inestimável ajuda da ativista pelos direitos dos animais Bianca Kölling Turano, Coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira – Grupo Rio, a qual, no dia 02 de agosto, na 1ª. Promotoria de Tutela do Meio Ambiente, assinou comigo o termo de guarda responsável do animal.
Esta vitória vem mostrar como não devemos cruzar os braços diante da injustiça, abraçando a via mais fácil da omissão e covardia. Ao saberem sobre meu gesto, muitos me taxaram de louco, de alguém que não tem nada o que fazer, de querer meter o bedelho onde não fui chamado, de tomar cuidado, pois poderia sofrer as consequências, inclusive da lei. E houve ainda diversas outras críticas, sobre as quais prefiro me abster. Mas só posso agradecer as várias outras pessoas que apoiaram minha causa.
Se defender a integridade de um ser vivo é coisa de quem não tem nada o que fazer, então o que dizer daqueles que escolhem não mover um passo diante da injustiça? Prefiro ficar com as palavras de uma artista que tanto se preocupou com os animais, por que os amava a ponto de dedicar-lhes muito de sua obra, Clarice Lispector, na crônica “A explicação inútil”: “ali estava o gosto que sempre tivera por bichos, uma das formas acessíveis de gente.”