Claudia Bitencourt
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Na noite de natal, durante nossa confraternização familiar, em Tatuí (SP), Papai Noel nos mandou um presentão! Uma cadelinha assustada, extremante suja, infestada por carrapatos e pulgas, que recusava água e comida, desejava apenas descansar, e estava com a pata esquerda traseira quebrada.
Como em nossa família temos muito amor pelos animais, minha mãe e minha irmã Cintia resolveram colocá-la no quintal do fundo (com cuidado para separá-la dos nossos queridos Paco e Théo), evitando assim possível contaminação para os outros animais.
Alimentamos a cachorrinha, de porte pequeno, sem raça definida e com o olhar mais doce visto na noite de Natal. A partir daquele momento, assumimos o compromisso de cuidadores. Levamos-na para tratamento em uma clínica particular, a veterinária – extremamente carinhosa – a apelidou de “Ursa” e minha irmã e eu adoramos, tanto é que este apelido virou nome.
A Ursinha fez Raio X, no qual identificaram fratura em espiral. A veterinária nos informou que era possível que a fratura fosse proveniente de chute ou paulada, visto que a Ursinha não apresentava escoriações pelo corpo. Lamentamos saber tal informação, nos envergonhamos por sermos da mesma espécie de um monstro que consegue tratar um animalzinho dócil com tamanha crueldade.
Foi feito a imobilização do membro e medicada com antibióticos – pois é possível que a anemia apresentada seja em decorrência de uma doença causada pelo carrapato – e antinflamatórios. Devemos realizar a troca da imobilização toda semana e novos RX. O banho oferecido a Ursinha foi um bálsamo.
Livre das pulgas e carrapatos, a pobrezinha adormeceu na caminha quente que a Cintia lhe presenteou! Hoje pela manhã, ao passear com a Ursa pela rua, descobri que a tutora era uma vizinha! Pasmem: a Ursa tinha um responsável.
Bati na casa dessa senhora, que demonstrou pouco entusiasmo e logo foi “ralhando” com a cachorrinha que, segundo ela, havia fugido do “terreno baldio”, onde era mantida, e a familia só percebeu na noite seguinte! O marido dessa senhora veio em minha casa e disse que a cachorrinha é da filha de 18 anos, que ele só tem tempo para colocar água e comida pela manhã, ou seja, a coitada fica o dia todo no terreno baldio com água quente e com comida velha.
Eu pedi para ficar com a Ursinha, mas ele não deixou! Eu o comuniquei sobre as leis que protegem os animais e que isso que eles faziam era crime! O homem apenas me olhou e disse que talvez a filha me ajude a pagar o tratamento da cachorra.
O problema não é o dinheiro, é claro que não temos sobrando e que iriamos nos apertar para o tratamento dela; o mais importante é o carinho que nos uniu aquele ser dócil e que hoje demonstrava disposição e alegria! Vou prestar atenção, vou querer que essa família cuide da Ursinha e que proporcionem à ela uma vida digna. Não posso permitir que seja normal maltratar animais, idosos e crianças, mulheres, pessoas em geral que, em decorrência de uma fragilidade, sejam subjugados e feridos, não somente na carne, mas principalmente na alma!
Visitei a cachorinha novamente; a tutora me confirmou que ela é mesmo da filha e que esta irá viajar agora nos feriados; acho que elas irão querer doar, pois a senhora esta operada e não pode mesmo cuidar.
Ela relatou que a Ursinha come restos de comida e que as vezes come ração.
A tutora me pareceu mais carinhosa, apesar de falar secamente. Disse que a Ursa chama-se Nina e que ela é fujona! Talvez seja possível que eles a tratem melhor agora.Torcemos para que eles coloquem a mão na consciência e a tratem com respeito.
Espero apenas poder contribuir para que os leitores acalmem os corações e que possam ajudar nossos amigos, anjos sem asas!