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Caçadores e rodovia ameaçam animais em reserva do ES

2 de junho de 2015
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução/ TV Gazeta
Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Mesmo dentro de uma reserva ambiental de Mata Atlântica, em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, animais de diversas espécies não estão protegidos contra a ação humana. Além do perigo representado pelos automóveis que passam pela rodovia que corta a reserva, caçadores também estão colocando os animais em risco.
Na estrada que corta a reserva, o perigo para os animais passa acelerado. São os veículos que trafegam pela rodovia em alta velocidade. Na tentativa de atravessar a pista, várias espécies já foram atropeladas.
“São animais raros, que tem pouquíssimos exemplares na natureza, principalmente na Mata Atlântica, que encontraram aqui seu último refúgio e vieram a ser atropelados nos últimos meses”, disse o pesquisador Áureo Banhos.
Para monitorar a movimentação dos animais, câmeras foram instaladas no meio da floresta. Nos vídeos, foi possível perceber que os túneis construídos para o escoamento de água são um caminho seguro para muitos bichos atravessarem a BR-101.
Só que as câmeras começaram a registrar a presença não só dos animais. O que apareceu em cena virou motivo de preocupação para os pesquisadores. Nas imagens,aparecem também os caçadores, que invadem áreas protegidas pela lei, matam animais e até ameaçam o trabalho de pesquisadores. O caçador que aparece em um dos vídeos está encapuzado e usa roupa camuflada e até silenciador na arma.
Rastros
A possibilidade das gravações das mortes parece ter incomodado os caçadores. O suporte que protege as câmeras teve que ser reforçado: ganhou correntes e cadeados. Uma marreta foi encontrada ao lado de um equipamento danificado.
Mesmo assim, os caçadores não se intimidam. Na beira da rodovia, a placa de identificação da reserva tem seis marcas de tiros. Uma outra placa também foi alvo de tiros, e foi retirada e queimada.
“As pessoas agem como forma de retaliação e até de provocar as equipes de fiscalização”, explicou o analista ambiental Marcel Redling.
E os caçadores miram para todos os lados. Recentemente, uma harpia, maior águia das Américas, espécie ameaçada de extinção, foi encontrada ainda com vida na beira da estrada.
Os pesquisadores acreditam que ela foi atropelada, pois havia pedaços de um retrovisor perto do animal. Mas um raio-x revelou que a ave já devia estar enfraquecida: havia chumbo no corpo dela, marcas de dois tiros. A harpia acabou morrendo.
A fiscalização não é suficiente para inibir os caçadores. Eles deixam rastros. É comum as equipes encontrarem frutas e raízes amontoadas nas reservas. Esses alimentos são um banquete para as pacas, que acabam atraídas para a armadilha.
Bem perto do local, está um poleiro feito com pedaços de pau. “O caçador sobe, se posiciona, e aguarda os animais chegarem para efetuar a atividade de caça”, explica Marcel.
Foto: Reprodução/ TV Gazeta
Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Crime ambiental x Impunidade
Invadir a reserva e caçar animais é crime, e pode dar cadeia. Mas a sensação é de impunidade.
“Se você pegar a lei de crimes ambientais, ela prevê a detenção de seis meses a um ano e multa. No julgamento, é normal a pessoa ter a conversão da multa em cestas básicas ou alguma pena alternativa”, disse Marcel.
Para Áureo, o maior problema é a falta de conscientização da população. “Falta que o Estado cumpra o seu papel, aumente a fiscalização e traga a conscientização para a população do entorno, através de educação e de algumas medidas que possam diminuir esse problema”, falou Áureo.
Fonte: G1

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