Por Karina Ramos (da Redação)
Uma combinação de uma antiga crença chinesa e uma moderna especulação financeira ajudam a explicar por que os rinocerontes estão sendo submetidos a mais um sofrimento imposto pelos caçadores.
Na medicina tradicional chinesa, o chifre do rinoceronte é apreciado como um ingrediente-chave na An Gong Niu Huang Wan, considerada uma das três principais tônicas restauradoras. Raspado ou moído para virar pó, o chifre é dissolvido em água fervente e usado para tratar febre, reumatismo e gota.
O governo chinês baniu o comércio de chifres de rinoceronte em 1993, ao mesmo tempo que impôs uma proibição similar na venda de partes corporais de tigres. Desde a proibição, infelizmente o chifre do búfalo da água tem sido usado como substituto, mas não tem sido considerado eficaz.
Na internet, as vendas do chifre de rinoceronte continuam, com base no An Gong Niu Huang Wan, que alega que o produto é feito com os chifres que foram estocados antes da proibição.
Os compradores chineses e vietnamitas preferem os chifres dos rinocerontes asiáticos, que custam de três a seis vezes mais do que os de rinocerontes africanos. Mas a caça e a perda de habitat significam que restaram poucos rinocerontes na Ásia, o que pode ter levado os comerciantes a procurar por animais na África.
Em maio, um oficial da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção) visitou o sudeste da Ásia para fazer um apelo às autoridades para que financiem vigilância extra na luta contra o contrabando de chifres de rinoceronte.
“Os vietnamitas estão movendo o comércio de chifres de rinoceronte para a África. Isso é algo que ainda não tínhamos visto”, relatou um conservacionista na Ásia, que pediu para continuar anônimo. “Há estocagem. Os coletores parecem estar se agarrando aos chifres como se fossem ouro e esperando que o valor aumente”.
Uma quantificação da extensão do problema torna-se complicada por causa da tendência dos contrabandistas de misturar o chifre do rinoceronte com as presas dos elefantes. Acredita-se que um grande carregamento de marfim confiscado em Bangcoc no último mês incluía chifres de rinoceronte.
Enquanto a maioria dos produtos de rinoceronte é feita na China e no Vietnã, esses produtos também têm um alto valor no Iêmen, Omã e outros países do Oriente Médio, onde adagas feitas desse tipo de material são esculpidas.
Fonte: The Guardian