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DEIXOU BEBÊS ÓRFÃOS

Caçador francês de 81 anos é julgado por matar ursa ameaçada de extinção

18 de março de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Um caso que reacendeu o debate sobre a coexistência entre humanos e animais selvagens chegou aos tribunais franceses. André Rives, um caçador de 81 anos, foi a julgamento acusado de matar uma ursa-parda, espécie protegida e ameaçada de extinção, durante uma caçada nos Pireneus, cordilheira que separa a França da Espanha. O incidente ocorreu em 20 de novembro de 2021, quando Rives, ao caçar javalis, foi atacado por Caramelles, uma ursa que protegia seus dois filhotes.

Segundo o relato de Rives ao tribunal, ele se viu diante dos filhotes e, ao avistar a mãe, foi atacado e arrastado por vários metros. Em legítima defesa, ele atirou e matou o animal, sofrendo ferimentos graves nas pernas. O caso, no entanto, vai além da autodefesa: Rives é acusado de “destruir uma espécie protegida”, um crime que pode ter consequências significativas para a conservação da biodiversidade na região.

A morte de Caramelles, uma fêmea reprodutora, representa um duro golpe para a população de ursos-pardos nos Pireneus, que, após décadas de esforços de reintrodução, atingiu recentemente mais de 80 indivíduos – o maior número em um século. A ursa era parte de um programa de conservação iniciado nos anos 1990, que trouxe ursos da Eslovênia para repovoar a região. Sua morte não só impacta a diversidade genética da espécie, mas também ameaça o frágil ecossistema montanhoso, já pressionado pela atividade humana e pelas mudanças climáticas.

O julgamento expôs tensões profundas entre caçadores, fazendeiros e defensores dos direitos animais. Enquanto caçadores argumentam que Rives agiu em legítima defesa e que os limites da reserva natural de Mont Valier estavam mal demarcados, ativistas questionam a necessidade de caçar em áreas protegidas. “Até que ponto alguém pode alegar autodefesa quando cometeu uma série de delitos que levaram à morte de um animal protegido?”, questionou Alain Reynes, da associação de preservação de ursos Pays de l’ours.

Para defensores dos direitos animais, o caso simboliza a necessidade urgente de revisar as práticas de caça e fortalecer a proteção de espécies ameaçadas. “Os ursos são essenciais para o equilíbrio ecológico”, destacou Julie Rover, advogada que representa associações de conservação. “A morte de uma fêmea reprodutora é uma perda irreparável para a biodiversidade.”

O julgamento também levantou questões sobre a responsabilidade dos caçadores em conhecer e respeitar os limites das áreas protegidas. O promotor Olivier Mouysset argumentou que “sua obrigação como caçador é saber onde está caçando”, rebatendo alegações de que a sinalização da reserva era insuficiente.

Enquanto o caso segue em andamento, ativistas esperam que ele sirva como um alerta sobre a importância de proteger espécies ameaçadas e garantir que atividades humanas, como a caça, não comprometam a sobrevivência de animais essenciais para o ecossistema. A morte de Caramelles não é apenas uma tragédia individual, mas um lembrete de que a coexistência entre humanos e vida selvagem exige respeito, responsabilidade e compromisso com a conservação.

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