EnglishEspañolPortuguês

Caça na África do Sul ameaça extinguir rinocerontes

28 de março de 2012
3 min. de leitura
A-
A+
Guarda do Parque de Leões e Rinocerontes, uma reserva particular localizada nos arredores de Johanesburgo, vigia um rinoceronte e seu filhote (Foto: EFE)

O rinoceronte pode desaparecer na África do Sul até 2020 por causa da caça, alertaram as reservas particulares do país, que exigem do governo medidas para evitar a extinção do mamífero com o famoso chifre no focinho.

“Segundo um estudo apresentado pela Associação de Proprietários de Rinocerontes, se a caça continuar nesse ritmo, a espécie poderá se extinguir em oito anos”, declarou à Agência Efe Lorinda Hern, dona do Parque de Leões e Rinocerontes, uma reserva particular localizada nos arredores de Johanesburgo.

Na África do Sul, existem cerca de 400 reservas privadas que guardam um de cada quatro rinocerontes do país, onde pelo menos 108 exemplares foram mortos nos primeiros dois meses e meio deste ano, segundo os dados dos Parques Nacionais da África do Sul (SANPARKS).

O número poderá chegar a 1.300 animais em 2012, triplicando o recorde atingido em 2011, quando 448 foram mortos, de acordo com Jabulani Ngubane, responsável pela segurança da reserva de Ezemvelo, em KwaZulu-Natal.

Ngubane, citado nesta semana pelo jornal sul-africano The Star, disse que os caçadores estão transferindo sua atividade dos parques nacionais, onde aumentou a segurança, para as reservas naturais particulares menores.

Os especialistas calculam que na África do Sul haja em torno de 20 mil “rhinos”, como são popularmente conhecidos esses animais em inglês, embora o número exato seja desconhecido.

“Precisamos de um censo adequado de rinocerontes na África do Sul, porque o governo acredita que tem tempo para reagir e não está fazendo o suficiente”, afirmou Lorinda.

Os donos de reservas naturais particulares estão aplicando medidas para evitar a caça dos rinocerontes, cujo chifre chega a preços superiores ao do ouro no mercado negro asiático, onde se atribui a eles supostas propriedades medicinais e afrodisíacas.

“É uma corrida constante. É preciso ampliar as medidas de segurança constantemente, já que os caçadores aprendem como burlá-las”, explicou à Efe Colin Patrick, responsável pela reserva de Montainview, junto ao Parque Nacional Kruge, no norte do país.

Envenenar o marfim com toxinas ou retirar as hastes dos animais são algumas das soluções que os donos dessas reservas estão fazendo para impedir a caça de seus rinocerontes e a perda de seu investimento, que chega a mais de US$ 40 mil por exemplar.

O custo das medidas de segurança contra os caçadores está tornando quase impossível manter esses mamíferos em reservas privadas, afirmaram seus proprietários.

Segundo Patrick, “esses locais têm cada vez mais receio de ter rinocerontes pelos elevados custos e isso é muito perigoso”.

“Em termos de conservação – prosseguiu o responsável pela reserva de Montainview -, poderíamos ver uma diminuição da população muito considerável nos próximos dez anos”.

Às perdas materiais é preciso acrescentar os riscos da caça para os próprios turistas. “Não chegou a ocorrer nenhum conflito, mas já aconteceu de os turistas cruzarem com esses caçadores”, habitualmente armados com escopetas ou armas automáticas, disse Patrick.

“Perdemos rinocerontes pela caça e por tentar protegê-los. Mas se tivesse que escolher, sempre optaria pelo segundo”, admitiu Lorinda.

“Prefiro que (um rinoceronte) morra pela anestesia do que com a metade de sua cabeça amputada, até cair rendido pela dor e o esgotamento. A crueldade dessa prática é impossível de assumir”, acrescentou Lorinda.

Fonte: Terra

Você viu?

Ir para o topo