A caça vem sendo duramente reprimida, especialmente na África do Sul, onde vivem cerca de 80% dos rinocerontes do continente africano. A repressão salda-se anualmente em dezenas de caçadores feridos, alguns mortos e outros condenados a penas de prisão de doze anos e mais.
Mas de pouco tem servido. Um estudo patrocinado pela organização ambientalista WWF conclui que a caça não se combate essencialmente com a repressão dos caçadores e sim a montante, com a desarticulação dos mercados que lhes pagam. Os caçadores são habitualmente pessoas muito pobres, que conseguem por cada animal morto mais dinheiro do que alguma vez viram na vida.
Por isso, o número de rinocerontes assassinados se multiplicou por mais de 70 nos últimos seis anos. Os rinocerontes estão agora a ser mortos à razão de dois por dia.
A este ritmo, considera-se que em breve estará seriamente a ameaçada a população de 25.000 rinocerontes calculada em África.
Cada corno de rinoceronte é pago ao caçador por cerca de 3.000 euros. Depois, o pó de corno é vendido em países como o Vietname a 50.000 euros o quilo – um preço superior ao do ouro.
A procura não pára de aumentar em países como o Vietname, o Laos, a Tailândia e a China, muito devido às qualidades afrodisíacas que se atribuem ao pó de corno do rinoceronte. A emergência de uma classe de novos ricos, em especial na China, revolucionou o mercado desta substância.
A população de elefantes, estimada em cerca de 450.000 indivíduos, também se encontra ameaçada por uma procura do marfim mais antiga que a do corno de rinoceronte, e por um rápido recuo dos territórios habitáveis pela espécie.
Os especialistas são unânimes em apontar um dedo acusatório ao mercado de marfim e de corno de rinoceronte que existe em vários países do mundo, e que regista um desenvolvimento especialmente dinâmico na Ásia. Jason Bell, do IFAW (International Fund for Animal Welfare), afirma que “a criminalidade organizada consegue lucros enormes na caça sistemática a espécies ameaçadas”.
O director da WWF, Volker Holmes, afirma, por seu lado, que “só conseguiremos parar este drama se combatermos a procura”. E sublinha que, apesar da declaração subscrita pela China, Vietname, Malásia, Filipinas e Tailândia numa recente “Cimeira do Elefante Africano”, o tema continua a estar “muito para trás na lista de prioridades”.
*Esta notícia foi, originalmente, escrita em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Com informações de RTP.