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Caça está dizimando espécies de tartarugas na América Central

22 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Juliana Meirelles (da Redação)

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Dezenas de tartarugas marinhas, algumas com sinais de danos neurológicos, apareceram na costa do Pacífico da Costa Rica, Nicarágua, El Salvador e outros países da América Central. Pesquisadores na Costa Rica suspeitam que o culpado sejam as marés vermelhas sazonais, que secretam uma potente neurotoxina. Mas ambientalistas suspeitam que as tartarugas possam ter ficado presas em grilhões, grandes redes de pesca utilizadas na região.

As tartarugas, algumas de espécies ameaçadas de extinção e algumas ainda vivas, aparecem na casa das centenas nas praias na América Central. Desde o final de setembro a meados de outubro, 114 tartarugas marinhas – tartaruga pretas (Chelonia agassizii), tartarugas Olive Ridley (Lepidochelys olivacea) e algumas que foram um cruzamento entre os dois – foram encontradas nas praias de El Salvador. Foram encontradas 280 até agora na Costa Rica, 115 na Guatemala e um número não revelado na Nicarágua. No final de 2012, 200 foram encontradas mortas nas praias do Panamá.

Nestor Herrera, chefe da fauna e ecossistemas no Ministério do Meio Ambiente de El Salvador, acredita que saxitoxina, que é produzido pela maré vermelha e afeta o sistema nervoso, é uma razão provável. Saxitoxina, diz ele, causou a morte de cerca de 500 tartarugas marinhas em El Salvador em 2006; os cães que comiam tartarugas mortas “paravam de respirar e morriam quase que instantaneamente”.

Tartaruga Verde (Foto: Reprodução)
Tartaruga Verde (Foto: Reprodução)

Como Angel Ibarra, coordenador da Unidade Ecológica de El Salvador aponta, a maré vermelha ocorre todos os anos, mas este elevado número de mortes de tartarugas nunca fora registrado.

Poderia a pesca estar causando a morte das tartarugas?

Essa é uma razão com a qual os ativistas de conservação têm estado cada vez mais preocupados; que a atividade humana poderia ser a causa das mortes de tartarugas. Várias tartarugas mortas encontradas nas proximidades do arquipélago Murciélago, na província noroeste da Costa Rica de Guanacaste, estavam “presas a ganchos, fios de nylon e corda”, Didiher Chacón, diretor da Rede de Tartarugas Marinhas do Grande Caribe (Widecast), disse ao Tico Times. Como ele comenta:

“Não é difícil concluir que eles foram capturados por dispositivos de pesca com palangre. Na semana passada, tivemos relatos de Mahi Mahi na área, e atrás deles geralmente vem a frota de pesca de espinhel”.

Centenas de tartarugas mortas também foram encontradas no Golfo Dulce, na zona sul do Pacífico da Costa Rica, em janeiro deste ano. Veterinários que examinaram as tartarugas encontradas mortas viram que elas tinham inflamação e que seus sistemas respiratórios foram danificados, “levando-os a determinar as tartarugas haviam se afogado depois de terem sido apanhadas em linhas de pesca de nylon, que utilizam vários anzóis e iscas vivas”.

O Conselho Nacional de Áreas Protegidas da Guatemala também diz que algumas tartarugas estão sendo capturadas por barcos de pesca de tamanho industrial. Em uma prática chamada de arrasto, estes navios arrastam grandes redes ao longo do fundo do mar, que capturam qualquer coisa em seu caminho. Igualmente perigoso para as tartarugas é a rede de pesca de perfuração, em que as redes são puxadas ao longo dos navios e perto da superfície da água.

Tartaruga preta. (Foto: Reprodução)
Tartaruga preta. (Foto: Reprodução)

Um biólogo, Fabio Buitrago, da Fundenic da Nicarágua, uma organização de conservação, diz que os pescadores que utilizam explosivos teriam dito a ele que estes têm sido conhecidos por matar tartarugas.

Todos os anos, o procedimento de pesca de captura acessória acaba por pegar cerca de 3o mil tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, incluindo tartarugas verdes, diz a Widecast.

Se a atividade humana está contribuindo até mesmo para a morte de tartarugas marinhas, é fundamental que isso seja minimizado tanto quanto possível. A taxa de mortalidade de tartarugas marinhas juvenis já é extremamente elevada. Como Antonio Benavides, um conservacionista de tartarugas em El Salvador, ressalta, apenas uma das milhares de tartarugas que eclodem de um ninho retorna para a praia que nasceu para botar ovos.

Do outro lado do mundo, quase 1.000 tartarugas foram apreendidas em um aeroporto tailandês, na semana passada; um homem paquistanês foi preso. Todas as tartarugas encontradas – 470 tartarugas pretas de lagoa, 423 tartarugas radiata e 52 de tartarugas Hamilton – estão ameaçadas de extinção. É evidente que nós seres humanos temos um enorme gosto por tartarugas. Já que gostamos, não deveríamos estar fazendo todos os esforços para preservá-las em seus habitats?

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