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Caça de rinocerontes atinge número recorde na África do Sul

1 de janeiro de 2012
3 min. de leitura
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Um número recorde de rinocerontes foi caçado neste ano na África do Sul, país que tem a maior população mundial desse animal, num reflexo da crescente demanda asiática por seus chifres.
Pelo menos 443 rinocerontes foram mortos neste ano na África do Sul, 110 a mais do que em 2010, segundo conservacionistas e autoridades dos parques nacionais sul-africanos.
O valor de mercado dos chifres de rinoceronte disparou para cerca de 65 mil dólares por quilo, o que torna esse produto mais valioso que o ouro, a platina e, em muitos casos, a cocaína. Isso se deve à crença que se espalhou nos últimos anos na Ásia, sem fundamento científico, de que a ingestão do pó de chifre pode curar ou prevenir o câncer.
Mais de 20 mil rinocerontes vivem na África do Sul. Há uma década, apenas cerca de 15 animais morriam por ano. Mas por volta de 2007 a caça passou a aumentar drasticamente, por causa do aumento do poder de compra de parte das populações de países como Vietnã e Tailândia.
Agora, o número de rinocerontes mortos chegou a um ponto que ameaça levar ao declínio populacional, segundo estudo realizado pelo especialista Richar Emslie.

Carregamento de chifres de rinocerontes sul-africanos confiscados em Hong Kong (Foto: Reuters/Bobby Yip)

‘Corrida armamentista’
Cerca de metade das mortes acontece no Parque Nacional Kruger, o mais visitado da África do Sul. Soldados e aviões têm sido mobilizados nos últimos meses para vigiar o parque, que tem uma área equivalente à metade de Israel.
Especialistas dizem que uma “corrida armamentista” está acontecendo no parque, pois quadrilhas internacionais oferecem aos caçadores recursos como armas de alta potência, óculos de visão noturna e até helicópteros.
Em outro estudo divulgado nesta semana, conservacionistas apontavam que 2011 será um ano recorde em grandes apreensões de marfim na África, o que também reflete a demanda asiática pelas presas de elefantes, usadas em joias e adornos.
A África do Sul, que concentra mais de 90% dos rinocerontes da África, concede algumas licenças legais para a caça. Os chifres resultantes são montados como troféus, exportados para a Ásia e vendidos no mercado negro, segundo policiais e autoridades alfandegárias.
Muitos caçadores foram treinados pela polícia e pelas Forças Armadas de Moçambique, e agora vivem na região fronteiriça próxima ao Parque Kruger, segundo os investigadores sul-africanos.
Seu lucro com a caça é relativamente pequeno em comparação ao dinheiro que fica com outros envolvidos. Mesmo assim, o valor é visto como uma fortuna para os padrões da África meridional.
O chifre de rinoceronte moído aparece há séculos nas receitas da medicina chinesa, para o combate a males como reumatismo, gota, febre e até possessão por espíritos malignos. Nos últimos anos, o material ganhou também a reputação de ser afrodisíaco e anticâncer.
“Nada é mais trágico do que ver esse assassinato totalmente desnecessário e brutal de um animal por seu chifre, e o chifre por sua vez tem zero valor medicinal”, disse Pelham Jones, líder da Associação de Proprietários Particulares de Rinocerontes da África do Sul.
Fonte: G1

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