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Caça de animais readaptados à natureza é incentivada pela legislação sul-africana

1 de janeiro de 2011
3 min. de leitura
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Por Camila Arvoredo  (da Redação)

Leão cativo. Crédito foto: “SundayTimes”

Recentemente, a Suprema Corte Sul-Africana inviabilizou uma lei que prevenia que leões com menos de dois anos de realocação na vida selvagem pudessem ser caçados, após a sua criação, publicou o jornal sul-africano “SundayTimes”. Conservacionistas estão ultrajados pela medida. Jason Bell-Leask do “Fundo Internacional de Bem-Estar Animal” diz que esta prática é totalmente anti-ética, não importando que existam leis que se relacionem à proibição de caça de animais com menos de dois anos de readaptação.

A lei que foi modificada estipulava que leões que estivessem apenas há dois anos no meio selvagem, sob forma de readaptação não poderiam ser caçados, mas Bell-Leask argumenta que a lei enviesada não foi mantida. A prática de caçar animais que foram previamente criados deveria ser prova de novas leis e não apenas os métodos que ela utiliza.
Os conservacionistas estão chocados depois que a Suprema Corte suspendeu esta lei. O período de dois anos não possibilitou o fim da criação de leões para caça, assim como o gado ou mesmo qualquer outro tipo de prática relacionada.

Bell-Leask afirma que o método de caçada prisioneira é ainda mais cruel, fato que motiva a sua organização a manter os protestos por anos, lutando pela sua proibição. “Não há quase nenhuma justificativa para o princípio de que apenas animais com menos de dois anos de realocação sejam poupados; o que seria racional seria dar uma chance de sobrevivência para os animais no meio selvagem, mas o que se faz é basicamente atirar neles através de um veículo, quando ele está há dez metros de distância e não tem a mínima chance de sobreviver. Aliás, você não pode simplesmente realocar um leão criado em cativeiro e não há nenhuma regra sobre o que seria realocar um animal no meio selvagem, assim esta lei é totalmente irracional”, disse ele.

Bell-Leask ainda afirma que este é o motivo desta lei ter sido retirada, entretanto, segundo ele, as consequências são que os leões continuarão a ser caçados através deste método.

A empresa “The SA Predator Breeders Association”, responsável pela queixa contra a antiga lei, argumentou que a velha legislação prejudicava as suas habilidades para a produção de animais, já que eles não podiam manter financeiramente a realocação dos animais na vida selvagem. Além disso, eles afirmaram que a indústria de caça injeta aproximadamente 650 milhões de dólares nas receitas do país todo o ano e mantém um território amplo de habitats conservados.

Bell-Leask diz que a indústria de caça não pode argumentar que o dinheiro que injetam no pais esteja relacionado à conservação; ele estaria mais relacionado à pecuária. Aliás, ele não acredita que a vida selvagem possa ser criada em fazendas. “Isso não é conservação”, disse.

Muitas áreas dedicadas à vida selvagem da empresa em questão não possuem cercas – o que é um argumento a favor das caçadas -, do mesmo modo que há o costume turístico na região de se atirar dardos nos animais com fins de conservação – pratica denominada de “Green hunting”. Bell-Leask pontua que nenhuma caçada para a obtenção de troféus deve ser apoiada, mesmo que o animal seja mantido no seu habitat natural. Além disso, ele argumenta que mesmo uma caçada com fins conservacionistas como a “green hunting” possuem a mesma psicologia, que é apontar uma arma para um animal, fora o fato de que o mesmo animal, como no caso dos rinocerontes, é muitas vezes dardeado diversas vezes no ano, o que é totalmente inaceitável.

Agora, o “Fundo Internacional de Bem-Estar Animal” pretende pressionar o “Departamento de Águas e do Meio-Ambiente” para que se volte atrás na decisão. Uma das controvérsias, a respeito da proibição deste tipo de caça é o que fazer com os quase 4.000 leões cativos da indústria, quando ela passar à ilegalidade. Bell-Leask afirma que não haverá problema algum em direcionar os animais a santuários, mas como não há locais deste tipo em número suficiente, talvez se tenha que optar pela eutanásia.

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