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Cabo de pesca é apontado como causa mais provável da morte da baleia em Santa Cruz (ES)

7 de julho de 2016
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Divulgação
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Os acidentes com instrumentos de pesca estão entre os principais causadores de morte de baleias no Espírito Santo. “Redes são o grande problema”, resume Lupércio Araújo, diretor do Instituto Orca, uma das únicas instituições credenciadas a atuar em casos de encalhes de baleia no Espírito Santo.

O animal encontrado morto nessa segunda-feira (4) em Santa Cruz, no município de Aracruz (norte do Estado) foi o quarto a encalhar em praias capixabas desde abril deste ano, todas no litoral norte. No ano passado foram nove e, em anos anteriores, a média ficou em torno de 14 durante toda a temporada reprodutiva, que vai até novembro.

O Instituto Baleia Jubarte é a outra instituição credenciada pela Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos no Brasil (Remab). Segundo a equipe que examinou a baleia em Santa Cruz, a corda de pesca está enrolada nela há meses, tendo chegado a ferir uma nadadeira peitoral. “À medida que o animal ia crescendo, a corda ia estrangulando seu corpo”, explica Milton Marcondes, coordenador de pesquisas do Projeto Baleia Jubarte. Mesmo sendo um exemplar adulto, estando com 11 metros, ele provavelmente ainda iria crescer mais três ou quatro metros.

A mortandade de baleias Jubarte tem crescido nos últimos dez anos devido ao aumento da população. Há quinze anos, eram cerca de três mil indivíduos na costa brasileira, hoje o número já está na casa dos 18 mil exemplares. Desde 2014 a espécie saiu da lista da fauna brasileira ameaçada de extinção, graças ao trabalho de conservação feito por organizações como o Instituto Baleia Jubarte e à mobilização da Comissão Baleeira Internacional, da qual o Brasil é signatário, que conseguiu proibir a pesca do animal em vários países.

É preciso agora, portanto, segundo percebe Marcondes, que a população e principalmente os pescadores aprendam a conviver num mar com tantos milhares de baleiras como havia no século XIX.

Já Lupércio aponta para uma integração mais harmoniosa das legislações ambiental e pesqueira. Enquanto uma diz que redes de espera podem ser colocadas sem restrição, a outra isola determinadas áreas, com vistas à conservação da biodiversidade. Há muito lixo de pesca no mar, como redes rasgadas e cordas que perdem o uso, que são abandonadas no oceano, servindo de verdadeiras armadilhas para baleias e outros cetáceos, além de tartarugas marinhas, entre outras espécies.

Além da pesca, os outros dois principais causadores de mortes de baleias no Espírito Santo são as causas naturais (cansaço físico do animal, distanciamento entre filhote e mãe, redução de oferta alimentar, mudanças climáticas, patologias, predação por orcas e tubarões); e as atividades relacionadas à indústria petrolífera. Já há estudos que comprovam que muitas baleias evitam passar próximo de plataformas de petróleo, principalmente as fêmeas com filhotes.

Toda a atividade petrolífera incomoda esses animais, mas a sísmica talvez seja a mais danosa. As ondas emitidas pelos canhões de sísmicas são como ultrassons, que, ao voltarem para o barco, podem provocar rompimento dos tímpanos dos filhotes, desorientando-os; impedir que as fêmeas escutem o canto de acasalamento dos machos, evitando a reprodução; e, em caso de espécies de menor porte, pode ser tão atordoante que se torna fatal.

No caso das baleias, o que mais preocupa é o impacto sobre a atividade reprodutiva. Ou seja: elas levam meses para nadar cerca de sete mil quilômetros até o Banco de Abrolhos (região de menor profundidade entre o norte do Espírito Santo e o sul da Bahia) para se reproduzirem e, ao chegar, a fêmea não consegue ouvir o canto do macho. Ela só tem dois a três dias no ano para fazer isso e, sendo impedida pela sísmica, perde a chance de reproduzir naquela temporada. “Há um prejuízo considerável do esforço de reprodução”, alerta Lupércio.

Fonte: Século Diário

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