Se o Paquistão deseja realmente fortalecer laços internacionais e impulsionar sua economia, que isso não ocorra às custas do sofrimento seres sencientes. Porque a verdadeira grandeza de uma nação — e de suas alianças — também se mede pela forma como ela trata seus animais.
Um vídeo emocionante publicado por uma ONG paquistanesa mostra burros que antes eram feridos, espancados e forçados a puxar carroças sob sol escaldante, correndo livremente em um santuário que promete ser seu lar para sempre.
Esses animais, explorados como força de trabalho e submetidos a abusos físicos, ganharam um espaço seguro para viver em paz. Com mais terreno disponível, os cuidadores da Animal Rescue Official (ACF) trabalham para construir cochos de comida e água, estábulos de quarentena para os mais debilitados e até um plano de reflorestamento com muitas árvores, tudo para fornecer dignidade aos animais.
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Porém, essa história de esperança convive com um cenário maior, mais complexo e preocupante.
Nos últimos anos, os burros paquistaneses foram incluídos na aliança entre China e Paquistão. Com uma população que ultrapassou os 6 milhões em 2023, eles passaram a ser exportados para a China, onde há crescente interesse por produtos derivados desses animais, especialmente a pele usada na produção de ejiao — uma gelatina popular na medicina tradicional chinesa.
Com o declínio da população de burros na China, empresas passaram a mirar países em desenvolvimento.
Assim, burros são transportados por longas distâncias em condições insalubres, sem água, comida ou descanso. Muitos morrem durante o trajeto. Aqueles que sobrevivem são mortos em matadouros clandestinos, sem qualquer protocolo humanitário. A extração da pele é feita de forma brutal, sem anestesia, e frequentemente diante de outros animais ainda vivos, gerando traumas profundos mesmo nos sobreviventes.