Por Patricia Tai (da Redação)
Na última sexta-feira, no cenário de guerra em que se encontra a faixa de Gaza (Oriente Médio), militantes do grupo palestino Hamas usaram um burro carregado de explosivos, “em uma das táticas mais incomuns já vistas no atual conflito em Gaza”, segundo o exército israelense. As informações são do Telegraph UK.
As tropas israelenses disseram que foram “forçadas” a abrir fogo contra o animal – explodindo-o – quando ele se aproximou da posição deles no sul da cidade de Rafah, próximo à fronteira com o Egito. O exército de Israel havia recebido informações prévias de que os militantes iriam tentar usar animais para realizar ataques, de acordo com um comunicado à imprensa publicado no site Israeli Defence Forces.
Oficiais israelenses explicaram que o incidente foi uma variante do que eles chamam de “táticas do Hamas de usar escudos humanos” para executar as suas atividades terroristas.
“Eles usaram esse burro no lugar de um escudo humano, ou como um escudo animal”, disse o Major Arye Shalicar, porta-voz do exército. “Qualquer coisa, desde um animal até um prédio internacional, que possa ajudar a fazer uso de pessoas inocentes, eles usarão. Nós percebemos que coisas parecidas já aconteceram”.
Benjamin Netanyahu, Primeiro Ministro de Israel, acusou o Hamas de realizar as suas atividades propositalmente em áreas edificadas, de modo a usar a população local como “proteção”.
Segundo a reportagem, o uso desse burro pode ter sido uma das “surpresas” que o Hamas prometeu para Israel no caso de uma invasão terrestre. Burros são animais relativamente fáceis de se conseguir em Gaza e têm sido usados por grande parte da população civil durante o atual conflito, para carregar seus objetos para centros de refúgio temporário após as forças armadas de Israel terem avisado aos residentes que evacuassem as suas casas antes das ameaças de bombardeios.
Em uma expressão totalmente equivocada, noticiários internacionais têm usado a expressão “burro suicida” para referir-se a esse animal, em alusão aos “homens bomba”, frequentes em conflitos do Oriente Médio. Enquanto as pessoas têm o livre arbítrio para dispor-se a esse papel em situações de guerra, aos animais não humanos é imposta essa condição, no que se pode chamar de um dos tipos mais covardes de exploração e crueldade impingidos pelos humanos.
Apesar da natureza pouco ortodoxa, não é a primeira vez que se tem notícia do uso de burros e outros animais não humanos no conflito de longa data entre Israel e Palestina.
Diversos ataques com a presença de burros foram relatados na Cisjordânia e em Gaza durante a segunda intifada palestina ocorrida entre 2000 e 2005. Outros incidentes foram registrados nos últimos anos, incluindo um em 2009 quando militantes aproximaram-se da passagem de Karni entre Gaza e Israel com cavalos carregando explosivos.
Soldados em campo relataram “múltiplos incidentes” de cães tentando se aproximar com explosivos presos aos seus corpos, de acordo com informações do exército.