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EMISSÃO DE GASES

Britânicos são incentivados a cortar o equivalente a duas refeições com carne por semana para reduzir as emissões

O Comitê de Mudanças Climáticas emitiu um novo parecer ao governo sobre a redução de emissões.

19 de maio de 2025
Polly Foreman
4 min. de leitura
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Foto: Adobe Stock

Pessoas no Reino Unido devem reduzir o consumo de carne em 260g por semana, juntamente com uma série de outras mudanças comportamentais, para ajudar o país a cumprir suas metas de emissão, segundo o Comitê de Mudanças Climáticas (CCC).

O comitê consultivo, composto por especialistas em clima, publicou hoje seu sétimo Orçamento de Carbono, contendo conselhos oficiais ao governo. O relatório, publicado a cada cinco anos, analisa como o Reino Unido pode permanecer dentro dos limites climáticos e atingir o objetivo de emissões líquidas zero até 2050.

O relatório apresenta o que o comitê considera uma solução viável e eficaz em termos de custo para a redução das emissões. Segundo o documento, as pessoas precisarão mudar seu comportamento de várias formas, sendo a redução do consumo de carne uma parte importante das metas climáticas. Diminuir a ingestão de carne em 260g por semana equivale a aproximadamente dois kebabs ou duas refeições fritas no total. O CCC quer ver uma redução de 25% no consumo geral de carne até 2040 (em comparação com 2019), chegando a 35% até 2050. O consumo de carne vermelha, especificamente, precisaria cair 40% até 2050.

Conforme reportado pelo The Guardian, Emily Nurse, chefe da área de emissões líquidas zero do CCC, afirmou que o comitê “definitivamente não está dizendo que todos precisam ser veganos”, mas que eles “esperam ver uma mudança nos hábitos alimentares”.

Outras recomendações incluem a substituição de caldeiras a gás, maior uso do transporte público e da bicicleta, além de melhor isolamento das residências.

O impacto da agropecuária no planeta

A agropecuária é devastadora para o meio ambiente. Ela é uma das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa, especialmente metano, que é 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono ao longo de um período de 20 anos na atmosfera. A criação de animais, principalmente ruminantes como as vacas, é responsável por cerca de um terço das emissões de metano causadas por humanos.

A pecuária também é a principal causa de desmatamento, perda de biodiversidade e extinção de espécies. Grandes áreas de terra são desmatadas para o cultivo de ração e para abrigar os próprios animais. Isso elimina sumidouros de carbono vitais e libera carbono de volta à atmosfera.

Pesquisas mostraram que adotar uma dieta totalmente à base de plantas é a forma mais eficaz que um indivíduo tem para reduzir seu impacto ambiental. Um grande estudo publicado em 2023 concluiu que ser vegano leva a 75% menos emissões de gases de efeito estufa, poluição da água e uso de terras. Dietas totalmente vegetais também reduzem em 66% a destruição da vida selvagem e em 54% o uso da água. Existe um consenso crescente de que o consumo de carne, nos níveis atuais, não é compatível com as metas de emissão líquida zero.

O Reino Unido deveria ir além?

Embora alguns especialistas ambientais tenham elogiado as recomendações do CCC, outros acreditam que os conselhos não são suficientemente rigorosos no combate às emissões relacionadas à carne.

“Quanto mais carne e laticínios cortarmos, maiores serão os benefícios, e essas recomendações podem e devem ir além”, declarou a Sociedade Vegana em resposta ao novo relatório. “Proteínas vegetais como leguminosas representam uma grande oportunidade como alternativa mais saudável e sustentável aos produtos de origem animal. A mudança alimentar é uma solução vantajosa para todos: melhora a saúde das pessoas, oferece a oportunidade de economias de bilhões para o NHS (sistema de saúde britânico), além de reduzir as emissões e proteger a natureza.”

O grupo de defesa animal Viva!, que faz campanha contra a pecuária por motivos éticos e ambientais, concorda. “Sempre ficamos felizes em ver recomendações para a redução de produtos de origem animal,” disse a ativista ambiental Rachel Higgins ao Plant Based News. “No entanto, ficamos desapontados ao ver que o CCC não aumentou suas metas de redução em relação aos anos anteriores. O Orçamento de Carbono anterior recomendava uma redução de 35% no consumo de carne até 2050, e essa meta permanece inalterada. Ainda assim, acolhemos com satisfação a meta mais ambiciosa de redução de carne vermelha: 40% até 2050.”

Tanto o Viva! quanto a Sociedade Vegana pedem que o governo responda de forma concreta às recomendações do CCC e tome medidas reais para reduzir o consumo de carne no país.

“Enquanto se prepara para desenvolver uma nova estratégia alimentar, o governo tem a oportunidade de implementar políticas práticas que incentivem a mudança na dieta, como priorizar opções vegetais nos cardápios do setor público e nas compras governamentais, apoiar agricultores que produzem proteínas vegetais sustentáveis e saudáveis, e promover os benefícios dos alimentos à base de plantas em campanhas de saúde pública”, concluiu a Sociedade Vegana.

Traduzido de Plant Based News.

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