Por David Arioch
Introduzida no Brasil em 1998, a gelatina à base de pele de porco chegou ao país como uma novidade na década de 1990, quando foi apresentada na Food Ingredients South America (FiSA), considerado o maior evento de ingredientes alimentícios da América Latina.
Até então, a produção de gelatina nacional era baseada no colágeno extraído da pele, ossos e tendões de bovinos, e classificado como tipo B, não apenas pelo tipo de matéria-prima, mas também pela textura e características de gelificação, segundo a Leiner Davis Gelatin, a primeira fabricante de gelatina de origem suína do Brasil.
Antes utilizado principalmente no desenvolvimento de sobremesas de gelatina, margarinas, queijos, suspiros e merengues, o colágeno baseado em pele e osso bovino, recolhido em grande quantidade nos frigoríficos, passou a concorrer com o colágeno extraído dos suínos.
O novo produto passou a ser usado largamente também na preparação de balas, caramelos, marshmallows, iogurtes, pudins, mousses, embutidos e produtos farmacêuticos.
No entanto, como a legislação brasileira não prevê a obrigatoriedade de discriminação da origem do colágeno nos rótulos dos produtos, até hoje o consumidor brasileiro não tem como saber qual é a procedência, qual animal deu origem ao colágeno que ele consome involuntariamente ou não no cotidiano.
A disponibilidade de colágeno é considerada “abundante”, já que o Brasil matou só em 2018 mais de 40 milhões de suínos, segundo o IBGE. E no processo industrial, o que favorece a dissociação entre a origem do colágeno baseado em matéria-prima animal são os processos de tratamento com ácido, remoção de resíduos, esterilização, secagem e moagem – além da inclusão de corantes e aromatizantes nos produtos industrializados.
Hoje em dia, as empresas que se preocupam em destacar a origem do colágeno utilizado com as mais diversas finalidades são aquelas que o produzem a partir de fontes vegetais, até porque se voltam para um grupo de consumidores que cobra esse tipo de informação.