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CRISE

Brasil tem posição central no tráfico de animais, diz delegado ambientalista

Movimentações criminosas incluem barbatanas de tubarão e rãs amazônicas; muitas das espécies traficadas são destinados para culinária, pesquisas ilegais, confecção de joias e produtos de beleza; ao participar em debates na ONU, o policial Guilherme Dias explicou como a prática prejudica equilíbrio de ecossistemas.

1 de outubro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Com a Cúpula do Futuro, a ONU buscou promover ações para assegurar um planeta habitável para todas as espécies. Em meio a esses debates, uma voz do Brasil pautou a crise causada pelo tráfico de animais, que fragiliza a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas, com impactos inclusive nas mudanças climáticas.

O delegado e ambientalista Guilherme Dias, chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Paraná, afirmou que esta é a terceira atividade criminosas mais lucrativa do mundo, atrás somente do tráfico de drogas e de armas.

Tubarões, rãs e araras entre os principais alvos

Em entrevista para a ONU News, ele afirmou que o Brasil ocupa uma posição central no fornecimento de diversas espécies da vida selvagem, devido à riqueza da sua biodiversidade. Isso ocorre tanto para fins de biopirataria como para pesquisas ilegais. Tubarões, espécies amazônicas e aves estão entre os alvos mais visados.

“No Brasil o tráfico de barbatanas para servir à culinária é muito presente, o tráfico de rãs amazônicas venenosas, utilizadas para pesquisa e para fins estéticos, em virtude do seu veneno, também é muito presente. O tráfico de araras. Veja que existem muitas araras que são levadas, os ovos dessas araras em coletes nos aeroportos para que esses animais sejam destinados ao tráfico internacional”.

Outro problema relatado pelo policial é o fato de muitas pessoas desejarem ter um animal selvagem como pet em casa, por influência das redes sociais.

Grupo criminoso nas redes sociais

Segundo Dias, a espécie mais traficada no mundo é o pangolim, de origem africana, pois sua carne é utilizada para alimentação em muitos países asiáticos e as suas escamas são utilizadas para fins medicinais e para confecção de joias.

Em relação a operações recentes no Brasil, o delegado afirmou que foram apreendidas mais de 28 toneladas de barbatanas. Ele também compartilhou os detalhes da investigação que liderou para prender um grupo criminoso composto por mais de 20 mil membros, que traficava animais nas redes sociais.

“Foi necessário viajar para o meio da selva amazônica para conhecer os fornecedores desses animais, foram utilizadas diversas técnicas de investigação como quebra de sigilo de dados, interceptação telefônica, análise de movimentações financeiras para identificar lavagem de dinheiro. Então, diversas técnicas foram utilizadas para que os líderes dessa organização criminosa fossem presos e mais de 3 mil animais ao longo dessa operação já foram recuperados e destinados para santuários e soltos na natureza”.

Acolhimento dos animais resgatados

Tão importante quanto resgatar os animais é dar a eles uma nova vida. Nesse sentido, Guilherme Dias também atua como embaixador do Conservatório Onça Pintada, o maior criadouro conservacionista da América Latina. O local abriga mais de 3 mil animais de 193 espécies.

“O objetivo é retirar esses animais do tráfico, reproduzi-los e depois promover a soltura deles na natureza. Então, esse é um projeto muito ambicioso, muito legal, que já promoveu a soltura de animais em diversas regiões do país, inclusive na Argentina. Existem projetos, parcerias com outros países, porque a riqueza da biodiversidade está se perdendo em virtude do tráfico de animais”.

Após compartilhar na Cúpula do Futuro seu trabalho no combate ao tráfico de animais e sua preservação, Dias pondera que é preciso mais união para lutar em favor da proteção do planeta. Para ele “os animais ocupam uma posição central nessa luta”.

Fonte: ONU News

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