O Brasil registrou o maior número de encalhes de baleias jubarte no primeiro semestre deste ano desde o recorde de 2016, com 22 casos documentados, segundo pesquisa feita pelo Projeto Baleia Jubarte. Até o mês de junho, foram 48 encalhes e todas já estavam mortas.
Outras 26 foram encontradas em julho, totalizando 74 animais. O coordenador de pesquisa do projeto, Milton Marcondes, explicou ao jornal Isto É Dinheiro que encalhes de baleias ocorrem por diversos motivos, como morte natural, aproximação das redes de pesca ou busca por alimentação em águas mais rasas. Ele ressaltou que há anos atípicos em relação ao encalhe, como ocorreu em 2010, com 96 casos e 2017, com 122.
Marcondes mencionou ainda que a maior parte das baleias encalhadas deste ano eram jovens e não estavam na idade de reprodução, além de estarem mais magras que o comum. Segundo ele, há grande possibilidade dos animais terem se aproximado da costa em busca de alimento.
As baleias jubarte se alimentam de um tipo de crustáceo chamado krill e de pequenos peixes, explicou o pesquisador. E o fato de estarem mais magras pode indicar escassez de alimento nas regiões mais profundas. Além disso, na costa os pescadores usam redes de pesca, o que gera muitos problemas de emalhe (quando os animais marinhos ficam presos na malha da rede). Até o momento, o projeto registrou 34 casos de emalhe em equipamentos de pesca, sendo também um recorde.
Os picos de mortalidade das baleias jubarte não são uma preocupação para a espécie, já que a população vem crescendo. Mas Marcondes levanta o lado do sofrimento dos animais. Uma das ações iniciais, com o objetivo de diminuir os emalhes, é intensificar a fiscalização da pesca.