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REDUÇÃO

Brasil pode cultivar soja sem desmatar Amazônia, conclui estudo

O Brasil é o maior exportador mundial de soja. Se mantido o ritmo de hoje, a previsão da pesquisa é que cerca de 57 milhões de acres sejam convertidos em plantações do produto nos próximos 15 anos

16 de outubro de 2022
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Plantação de Soja em Mato Grosso (Foto: IPAM )

De 2015 a 2019, a Bacia Amazônica respondeu por um terço das terras convertidas em soja no Brasil, gerando enorme desmatamento. Um novo estudo mostra, contudo, ser possível ampliar a produção anual agrícola desse alimento em 36% até 2035 — e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 58%, em comparação com as tendências atuais.

O estudo foi publicado em 10 de outubro na revista Nature Sustaintabily. Os autores são experts da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, que atuam em parceria com pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Embrapa.

O Brasil é o maior exportador mundial de soja. Se mantido o ritmo de hoje, a previsão da pesquisa é que cerca de 57 milhões de acres sejam convertidos em plantações do produto nos próximos 15 anos. Aproximadamente um quarto dessa expansão deve ocorrer em terras ambientalmente frágeis, como floresta tropical e savana.

Proibir a expansão das terras agrícolas custaria cerca de US$ 447 bilhões (cerca de R$ 2,3 trilhões) em oportunidades econômicas perdidas até 2035. Porém, de acordo com os especialistas, uma estratégia de “intensificação” poderia possibilitar cultivar soja ao reduzir o desmatamento e os efeitos climáticos.

Os cientistas examinaram a produção de soja em quatro regiões-chave: Pampa, Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado. A análise fez uso extensivo do Global Yield Gap Atlas, um banco líder mundial em dados agronômicos de alta qualidade, cobrindo mais de 15 grandes culturas alimentares em mais de 75 países.

Foto aérea mostra onde a savana foi convertida em terras agrícolas na região do Cerrado do Brasil (Foto: Alencar Zanon | Universidade Federal de Santa Maria, Brasil)

A equipe calculou três cenários nas quatro regiões-chave: um quadro com tendências atuais que continuariam (business as usual); outro sem expansão agrícola e, por fim, uma situação de “intensificação”. Nessa última, a proposta seriam três: aumentar os rendimentos das culturas de soja; cultivar uma segunda safra de milho em alguns campos de soja e criar mais gado em pastagens menores para liberar mais terra para a soja.

Os climas tropicais e subtropicais do Brasil possibilitariam o cultivo das duas culturas na mesma terra na estação de crescimento na maioria das regiões, segundo explica Patricio Grassini, líder do estudo. Com isso, a estimativa é que o país realizaria 85% da receita bruta projetada da soja e do milho, em comparação com as tendências atuais, reduzindo emissões de gases do efeito estufa em 58%.

Enquanto a produção de soja aumentaria, nosso país poderia “eliminar completamente o desmatamento e essencialmente reduzir a quantidade de equivalentes de dióxido de carbono liberados na atmosfera, ajudando a mitigar as mudanças climáticas”, conforme conta Grassini, em comunicado.

As recomendações para o Brasil teriam, inclusive, uma ampla aplicabilidade a outros países em desenvolvimento. “No contexto atual de altos preços de grãos e interrupções no fornecimento de alimentos, acreditamos que há uma necessidade crítica de os principais países produtores de safras reavaliarem seu potencial de produzir mais nas terras agrícolas existentes”, escreveram os pesquisadores.

De acordo com Grassini, o sucesso da abordagem de “intensificação”, contudo, exige instituições fortes, políticas adequadas e fiscalização — tudo o que é necessário para garantir que os ganhos de produtividade se traduzam na preservação da floresta.

Fonte: Galileu

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