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CRISE HÍDRICA

Brasil perde 6,3 milhões de hectares de superfície de água em 40 anos, quase um terço da área de 1985

Levantamento do MapBiomas mostra tendência contínua de redução desde 2000, com todos os biomas ficando anualmente abaixo das médias históricas

26 de junho de 2024
Marco Britto
9 min. de leitura
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Amazônia estava 3,3 milhões de hectares abaixo da média para área de águas superficiais no bioma em 2023. — Foto: Getty Images

A leitura da área dos corpos hídricos do Brasil, total da superfície coberta por água natural e reservatórios, mostra um encolhimento da capacidade nos biomas Amazônia, Pantanal, Cerrado e Pampa, com quedas pronunciadas registradas em 2023 em relação à média histórica, mostra levantamento da rede de pesquisa MapBiomas publicado nesta quarta-feira (26).

Na avaliação dos corpos hídricos naturais, houve uma queda de 30,8% ou 6,3 milhões de hectares em 2023 em relação a 1985. Seis bacias hidrográficas do país, metade do total, estiveram abaixo da média histórica no ano passado, indicam os dados. As fontes naturais, como rios e lagos, responderam por 77% da superfície de água no país.

Os 23% restantes são estruturas criadas pelo homem, como reservatórios, hidrelétricas, aquicultura e mineração, esta uma área de 4,1 milhões de hectares. Os grandes reservatórios, monitorados pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento), somaram 3,3 milhões de hectares, um crescimento de 26% em 2023 em relação a 1985.

No total, o mapeamento indica que a água cobriu 18,3 milhões de hectares do Brasil ou 2% do território nacional no ano passado. Embora a extensão corresponda ao dobro da área de Portugal, o dado representa uma queda de 1,5% em relação à média histórica. Desde 2000, os registros vêm ficando abaixo da média, alertam pesquisadores.

Dez estados tiveram também medições abaixo das médias históricas em 2023. Os casos mais severos ocorreram em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com perda de área de água de 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente. A região este ano sofre com uma seca intensa, baixo nível dos rios e incêndios florestais que ameaçam o Pantanal.

O município de Corumbá (MS), onde incêndios chamaram atenção na última semana, foi o que mais perdeu superfície de água em 2023 em relação a média da série histórica: 261 mil hectares (-53%). Na avaliação geral dos municípios, 53% ficaram abaixo da média histórica (2.925 localidades).

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