Durante a Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, na França, 95 países assinaram um novo compromisso global contra a poluição plástica marinha. O documento, intitulado “Apelo de Nice”, busca conter os danos crescentes causados pelo plástico nos ecossistemas aquáticos.
Embora o presidente Lula tenha participado da conferência e destacado a urgência do tema, o Brasil optou por não aderir ao acordo. O chefe de Estado afirmou que o país está formulando uma estratégia própria e prometeu foco no tema durante a COP30.
Pressão do setor petroquímico e contradições no discurso ambiental
Especialistas apontam que a decisão brasileira ainda reflete pressões do setor petroquímico e conflitos de interesse com a exploração de petróleo. O jornalista André Trigueiro, em comentário na GloboNews, afirmou que o Brasil “se lambuza de óleo” ao priorizar interesses energéticos, o que enfraquece sua posição ambiental internacional.
Além do Brasil, outros grandes emissores de poluição plástica também ficaram fora do pacto. No entanto, nenhum dos dez países mais poluentes — incluindo China, Índia e os demais integrantes do BRICS — assinou o acordo. O Brasil, inclusive, figura como o oitavo maior poluidor dos oceanos por descarte inadequado de plástico.
Assim, a ausência dos principais produtores de petróleo e grandes economias evidencia o desafio de alinhar compromissos ambientais com interesses comerciais. Portanto, a urgência por medidas concretas continua a pressionar governos globalmente.
Participação brasileira no tratado ambiental segue ambígua
O Tratado Global Contra a Poluição Plástica, promovido pela ONU e anunciado em setembro de 2023, foi discutido entre 13 e 19 de novembro daquele ano em Nairóbi, no Quênia.
O Brasil, representado pelo Ministério do Meio Ambiente, manteve-se neutro nas negociações e pouco contribuiu para o texto-base. Segundo ambientalistas, a postura do país estaria alinhada aos interesses da indústria petroquímica, setor ainda relevante para a economia nacional.
Crise climática agrava insegurança alimentar na América Latina
Em maio de 2024, a ONU divulgou um relatório alertando para o impacto direto de eventos climáticos extremos na produção agrícola da América Latina e do Caribe. Logo, tempestades e secas têm elevado o preço dos alimentos e ampliado a insegurança alimentar.
Apesar do cenário crítico, o relatório também apontou sinais de melhora: de 2022 para 2023, cerca de 2,9 milhões de pessoas deixaram de passar fome na América Latina, única região global com essa tendência.
Ainda, no final de 2024, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou o “colapso climático” e pediu ações urgentes para limitar o aquecimento global e proteger populações vulneráveis.
Fonte: IN MAG