EnglishEspañolPortuguês

NEGLIGÊNCIA

Bois são abandonados para morrer sem água e comida em Avaí (SP)

2 de maio de 2022
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Nature Vitae | Divulgação

A Polícia Civil de Bauru (SP) abriu uma investigação para apurar uma denúncia de maus-tratos a animais que estariam praticamente abandonados em uma fazenda localizada em Avaí (SP).

De acordo com a denúncia, registrada em boletim de ocorrência no último dia 19 de abril pela ONG Nature Vitae, de Bauru, cerca de uma centena de bois estariam na Fazenda Santa Terezinha sem comida e água.

Ainda segundo a denúncia, os animais seriam do ex-presidente da Cohab de Bauru, Edison Gasparini Jr., e estariam entre os bens sequestrados pela Justiça como desdobramento de supostos desvios de R$ 54 milhões da companhia investigados pela Operação João de Barro.

Nessa quarta-feira (27), voluntários da ONG, acompanhados de um investigador da Polícia Civil e um veterinário, foram ao local e constataram a existência de animais magros, alguns deles já feridos e mancando, e pelo menos nove carcaças de animais que morreram de fome.

Foto: Nature Vitae | Divulgação

Segundo a advogada Thais Viotto, integrante da ONG e também da Comissão de Proteção e Defesa Animal da OAB, os animais não têm água à disposição, não há sal para complementar a alimentação e nenhuma cobertura para protegê-los do sol. Não foi possível fazer a contagem, mas a ONG estima cerca de 100 animais no local.

Além disso, os vários cadáveres de carcaças de animais mortos estariam apodrecendo a céu aberto e próximas a várias nascentes de água existentes na propriedade, o que também configura um crime ambiental.

“Essa água das nascentes não é acessível aos bois, pois há barrancos altos, seria necessária a presença de caixas d’água. Além disso, o solo é pobre e o gado precisa de sal. Sem esse sal, os bois lambem as carcaças contaminadas e acabam adoecendo também”, disse Thais Viotto.

Segundo o veterinário Gabriel Lima, também chamou a atenção a total ausência de estrutura para manejo dos animais, como um brete para permitir a vacinação, ou um cercado de contenção e aplicação de medicamentos. Segundo ele, a presença de carcaças nas nascentes contamina a água que pode ser consumida por pessoas na sequência do curso d’água.

De acordo com o delegado Giuliano Travain, que comanda a investigação, a polícia confirmou a existência do crime de maus-tratos, mas ainda é necessário o trabalho de confirmação se o rebanho pertence à família Gasparini.

“Há realmente muitos animais magros, doentes, e vários deles mortos a céu aberto. O próximo passo é identificar o responsável por essa situação. Se for da família Gasparini, existe um administrador judicial, alguém que deve ser responsável por manter os animais saudáveis”, disse o delegado.

Travain afirmou que aguarda alguns laudos para definir a tipificação dos crimes, mas admite que há indícios de maus-tratos e de crime ambiental, por causa dos cadáveres abandonados perto de nascentes. Pode haver ainda crime sanitário, por exemplo, pela falta de vacinação do rebanho.

“A primeira iniciativa agora, e em caráter de urgência, é se encontrar um meio de cessar essa situação de maus-tratos”, afirmou Travain.

Foto: Nature Vitae | Divulgação

Em nota, a defesa da família Gasparini na área cível disse que “não possui conhecimento específico” sobre o caso, e não confirmou que o gado seja do ex-presidente da Cohab. A nota diz ainda que “todos os bens que foram sequestrados não estão sob administração do Sr. Edison, ou de sua família, mas sim do administrador judicial nomeado pela autoridade judicial”.

Fonte: G1

    Você viu?

    Ir para o topo