Clientes e funcionários de um supermercado em Ibiá, no Alto Paranaíba (MG), se surpreenderam na noite de quinta-feira (23/10) ao ver um boi entrar correndo no estabelecimento. O episódio, que muitos trataram como uma cena “engraçada”, revela algo muito mais profundo: a tentativa desesperada de um animal de escapar do destino cruel que a indústria impõe a milhões de indivíduos como ele todos os dias.
Imagens de câmeras de segurança mostram o boi escorregando no piso liso, pulando sobre freezers e derrubando produtos enquanto pessoas corriam assustadas. O que para alguns foi motivo de risos, para quem defende os direitos animais é um retrato doloroso de uma vida reduzida à exploração.
Segundo funcionários, o boi correu até o açougue, o mesmo local onde corpos de outros bois são cortados e vendidos. A gerente relatou que, após ser retirado do mercado, ele ainda perseguiu um funcionário pela rua. Em tom de brincadeira, moradores disseram que o boi “foi acertar as contas com o açougueiro”.
Mas, por trás do humor, está uma ironia trágica, onde o animal parecia saber exatamente para onde estava sendo levado. Fugir é, para muitos, o único ato de resistência possível diante de um sistema que os condena desde o nascimento.
O boi não foi mais visto após deixar o local. Moradores acreditam que ele possa ter caído de um caminhão ou escapado de uma fazenda próxima. Seja qual for a origem, o destino desses animais costuma ser o mesmo, o abate.
A cena que provocou risos poderia, na verdade, inspirar reflexão. Cada boi, vaca ou bezerro que tenta escapar carrega o instinto mais natural de todos: o desejo de viver. E enquanto a sociedade continuar a tratar sua fuga como uma curiosidade, e não como um pedido de socorro, esses animais seguirão sem voz, e sem chance.
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