Um boi foi transportado em condições de maus-tratos na carroceria de uma caminhonete no município de Euclides da Cunha Paulista, no interior do estado de São Paulo. Com as quatro patas e o pescoço amarrados, o animal foi colocado deitado dentro do veículo. O caso será investigado pela polícia.
O motorista da picape, de 31 anos, foi multado em R$ 3 mil na quinta-feira (1º) enquanto transportava o boi de maneira irregular. De acordo com a Polícia Militar Ambiental, o ato praticado pelo homem configura maus-tratos.
Além de prender as patas e amarrar o pescoço do animal de maneira a deixá-lo desconfortável, o motorista também não tinha autorização para transportar bois, já que para fazer esse tipo de transporte é necessário ter uma Guia de Transporte Animal (GTA).
Para a polícia, a condição na qual o boi foi mantido causava “sofrimento e estresse” ao animal, que foi retirado da carroceria do veículo e liberto das cordas que o prendiam.
Diante da situação, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária foi chamada e enviou uma equipe ao local para elaborar duas autuações administrativas. O motorista também foi punido pela prática de infração de trânsito, já que a caminhonete estava em condição irregular – o que levou à apreensão do veículo.
Apesar dos maus-tratos que sofreu, o boi permaneceu sob a tutela do homem e foi levado para um sítio. Seu destino, provavelmente, será a morte para consumo humano.
Crueldade é padrão da agropecuária
O transporte cruel de animais vítimas da agropecuária, mesmo quando realizado dentro dos padrões estabelecidos pela lei, é uma prática institucionalizada nas indústrias que os exploram para consumo humano. E sequer é escondida – como acontece com a maior parte dos horrores da agropecuária -, basta ter o azar de transitar pelas estradas no mesmo momento em que os caminhões que levam os animais para o matadouro para comprovar os maus-tratos.
As aves (galinhas e frangos) são confinadas aos montes em pequenas caixas. Em cada caixote, dezenas delas são colocadas, amontoadas umas sob as outras, sentindo dores e até sofrendo ferimentos. Porcos, bois e vacas também são transportados amontoados, em um espaço reduzido. Todos eles são forçados a suportar os próprios excrementos durante o transporte, além das condições climáticas. Nenhum consegue se deitar e descansar e pisoteamentos são comuns por conta das condições em que são transportados. Ferimentos ocasionados por freadas bruscas dos caminhões também são comuns.
Além disso, no caso da vida miserável vivida pelos bezerros, o que é ofertado a bebês inocentes e dóceis é medo, agonia, dor, desespero e sofrimento. Os destinos desses pequenos e frágeis animais são: a engorda para serem mortos dentro de meses ou, no máximo, pouco mais de um ano depois do nascimento; o aprisionamento em celas minúsculas para a produção de carne de vitela – neste caso, o bezerro passa meses preso, sem espaço para se locomover livremente, muitas vezes sem acesso à luz do dia, recebendo dieta pobre em nutrientes, para que não fortaleça seus músculos e dê origem a uma carne macia; ou os rodeios que os exploram para entretenimento humano, submetendo-os a práticas dolorosas como a prova do laço, na qual os bebês são laçados pelo pescoço, podendo sofrer lesões graves.