A raposa-do-campo habita exclusivamente as vegetações brasileiras – entre elas o cerrado encontrado na região do Triângulo Mineiro – mas pouco se sabe a seu respeito. Com o objetivo de descobrir as peculiaridades desta espécie, um grupo de biólogos de Araguari criou o Projeto Ecologia e Conservação da Raposa-do-Campo nos Cerrados Brasileiros.
Segundo o biólogo Frederico Gemesio Lemos, devido à devastação do cerrado, a raposa se aproxima cada vez mais das pessoas e dos animais domésticos, podendo gerar um risco para eles. “Não se sabe qual a taxa de raposas que morrem por parvovirose, sindomose e raiva, ou se ela mesma é portadora dessas doenças”, afirmou.
A pesquisa para descobrir esta e outras informações consiste em capturar os animais, colher material (como carrapatos e sangue) e rastrear os bichos por meio de coleira com transmissor de rádio. Até o momento, seis raposas foram pegas, das quais cinco foram equipadas com colar. “Pegamos também dois cachorros-do-mato, porque eles ocupam a mesma área da raposa e é um possível competidor”, disse Lemos.
Outra informação que pretende ser coletada é sobre qual área o animal precisa para sobreviver, caso se crie um parque de conservação.
Atualmente o cerrado é dos biomas mais ameaçados, restando menos de 20% de sua cobertura original. Mesmo assim não se sabe se a raposa-do-campo está em extinção. “Na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza, a raposa é considerada ineficiente de dados”, disse Lemos.
Espécie é estudada há cinco anos
A espécie vem sendo estudada desde 2004, mas o Projeto Ecologia e Conservação da Raposa-do-Campo nos Cerrados Brasileiros foi criado há cerca de um ano. Além do Triângulo Mineiro, a raposa-do-campo é encontrada no sul da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e principalmente em Goiás e outras regiões de Minas Gerais. Frederico Lemos pesquisa o animal no Cerrado de Araguari (MG), Cumari (GO), no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, na Chapada Gaúcha (MG) e no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (GO).
Segundo Lemos, este animal é um dos sete canídeos (mamífero da ordem dos carnívoros) menos estudados, dentre os 37 encontrados no mundo.
Fonte: Jornal Correio de Uberlândia