Contrariando expectativas, biólogos em Bangladesh descobriram uma próspera população de 6 mil golfinhos-de-irrawaddy. A espécie do mamífero marinho, restrita a baías e rios de água salobra do Sudeste Asiático ao norte da Austrália, era considerada por especialistas em risco de extinção.
A população, muitas vezes maior que qualquer outro grupo conhecido na região, foi revelada em 2004 no primeiro levantamento sistemático de mamíferos marinhos ao longo da costa de Bangladesh, formada por canais, baías e manguezais. Os resultados completos foram apresentados quarta-feira no Havaí, durante a primeira conferência internacional sobre áreas de proteção para mamíferos marinhos e em um artigo na edição de inverno da publicação especializada Journal of Cetacean Research and Management.
Biólogos americanos e bengaleses realizaram o levantamento dos golfinhos em barcos. Os pesquisadores disseram que os golfinhos, que variam de 1,82 m a 2,43 m, embora aparentemente em grande expansão, precisam ser protegidos e monitorados devido a ameaças como enroscamento em redes de pesca, declínio no fluxo de água fresca por causa de represas e desvios de cursos d’água ao longo de rios que sustentam os ecossistemas costeiros.
Os cientistas também assinalaram uma ameaça de longo prazo aos golfinhos. Segundo projeções de estudos climáticos, o aquecimento global vai mudar o fluxo dos rios à medida que as geleiras do Himalaia derretem e o nível do mar sobe. Isso diminuiria o alcance da espécie, que está limitada a águas com baixa salinidade.
A Wildlife Conservation Society, que liderou o estudo, está trabalhando com o Ministério do Meio Ambiente e Florestas bengalês para criar áreas de proteção para essa e outra espécie, o golfinho-do-ganges, e levantando dinheiro para o esforço, disse o doutor Howard Rosenbaum, biólogo que dirige o programa “gigantes do oceano” do grupo sem fins lucrativos. “Essa grande população no Bangladesh realmente nos dá esperança para a sobrevivência da espécie no longo prazo”, disse Rosenbaum.
Há muito tempo espécies de boto e golfinho adaptadas a rios e deltas ao redor do mundo foram considerados alguns dos mais vulneráveis mamíferos marinhos devido a seu limitado habitat. Em 2007, especialistas concluíram que o baiji, um golfinho fluvial que vivia há 20 milhões de anos no rio Yang-Tsé na atual China, havia sido levado à extinção por uma série de atividades do quase meio bilhão de pessoas que hoje vive nessa bacia hidrográfica.
A vaquita, um boto que vive onde o rio Colorado deságua no Golfo da Califórnia, está criticamente ameaçada, dizem biólogos, devastada por redes de pesca e interrupções no curso do rio para construção de represas.
Fonte: Terra