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Bióloga portuguesa diz que libélulas correm risco de extinção

22 de agosto de 2010
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Os Odonata, ordem a que pertencem as líbelulas, habitam a terra há aproximadamente 300 milhões de anos. Seres esplendorosos, de variadas cores e formatos, são inofensivos para o ser humano e têm uma função ecológica muito importante.

São conhecidas a nível mundial cerca de seis mil espécies da ordem Odonata, que se dividem em duas subordens: Zigoptera (libelinha) e Anisoptera (libélula). Em Portugal está confirmada a presença de 65. Há cerca de um ano,  foram recolhidas e identificadas 12 espécies no âmbito de um estágio no Parque Natural do Vale do Guadiana, quatro delas novas para a região: Sympecma fusca, Coenagrion caerulescens, Gomphus graslinii e Libellula quadrimaculata. Gomphus graslinii tem o estatuto de espécie “em perigo” no Livro Vermelho dos Invertebrados de Espanha e Coenagrion caerulescens está classificada de “vulnerável”.

As maiores ameaças às libélulas ocorrem na sua fase larvar. “A principal ameaça para a conservação destas espécies é a poluição da água”, refere Cristina Vieira, bióloga que realizou o estágio no Parque do Vale do Guadiana e a responsável pela identificação das espécies. “A agricultura e o pastoreio são também fatores de ameaça à sobrevivência das libelinhas e libélulas”, acrescenta.

A agricultura é responsável pelo desaparecimento de uma parte importante da vegetação, essencial para as ninfas se desenvolverem. Por outro lado, essa atividade é agravada pelo “comportamento agressivo do gado que, ao pisar as margens da ribeira, destrói a vegetação tão importante para os Odonatas”.

Cristina Cardoso, bióloga e técnica superior do Parque do Vale do Guadiana, salienta que a “permanência do gado nas linhas de água e a consequente presença de excrementos (carregados de nitratos) agrava as condições do sistema aquático, prejudicando estas espécies”. Por esta altura do ano, em que as secas são uma constante no Baixo Alentejo, nas pocinhas de água (pegos) concentra-se toda a vida, tanto os animais como os nutrientes, mas também os fatores de ameaça, tornando as populações mais frágeis. A extração de inertes, a captação de água dos pegos, a construção de açudes e as alterações climáticas são também ameaças a este grupo de insetos.

No que respeita a medidas de conservação destas espécies, Cristina Vieira refere “a manutenção da qualidade das linhas de água, com especial atenção para a preservação da vegetação ribeirinha existente”.

As vigorosas asas permitem às libelinhas e libélulas um voo extremamente rápido (superior a 30 km/hora) e em todas as direções. Os olhos, compostos por milhares de lentes microscópicas, permitem-lhes ter um campo de visão de quase 360º. Características que facilitam a captação de presas, mas que, ainda assim, não as livram de predadores como as andorinhas, os abelharucos, as garças e os guarda-rios.


Com informações de  DN Ciência

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