Uma bióloga da UNIJUÍ, no RS – Campus Santa Rosa, encontrou na cidade uma espécie de borboleta ameaçada de extinção. A descoberta ocorreu por acaso durante buscas por lagartas de borboletas em uma mata de Santa Rosa, ao lado da Campus, local de trabalho da pesquisadora.
A identificação da espécie rara e a descrição de aspectos da biologia desta borboleta foram estudadas a fundo em parceria com pesquisadores do projeto Borboletas do Rio Grande do Sul, coordenado pela professora Helena Romanowski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o estudante de doutorado Lucas Kaminski, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os resultados da pesquisa serão publicados em breve em uma revista científica internacional.
Sabrina Thiele, bióloga da Unijuí, iniciou a pesquisa ainda quando aluna da Universidade, em trabalhos voluntários, que realizava em turno inverso ao do estágio em um laboratório da Universidade. Sabrina passava horas no bosque ao lado da universidade, procurando por borboletas.
Ela explica que poucas pessoas imaginam que toda a borboleta passa pelo estágio de lagarta antes de ser uma borboleta, propriamente dita. A borboleta no estágio imaturo é chamada de lagarta, período que antecede a metamorfose: “após este processo, o inseto toma outro formato, uma borboleta adulta com asas, e passa a se alimentar de líquidos, como néctar de flores, quando também torna-se capaz de se reproduzir”.
A decisão de procurar as lagartas no bosque da Universidade se deu após Sabrina passar por um estágio em São Paulo, no Laboratório de Ecologia de Borboletas da Unicamp. Lá, juntamente com o pesquisador Lucas Kaminski, ela descobriu que muitas lagartas se alimentavam de cipó-de-são-joão, uma planta comum no bosque da Unijuí. Então decidiu, neste local, fazer uma busca por lagartas.
Ela explica que coletava as lagartas e as alimentava com flores, e acompanhava o desenvolvimento destas, em laboratório, inclusive o processo de metamorfose. O resultado dos trabalhos de Sabrina em Santa Rosa foi acompanhado pelo pesquisador da Unicamp. Após o processo de metamorfose das lagartas, Lucas identificou a borboleta como sendo Cyanophrys bertha, uma espécie rara e ameaçada de extinção. A espécie consta na Lista Vermelha (de espécies ameaçadas de extinção) da União Mundial pela Conservação da Natureza (UICN).
Sabrina revela que esta borboleta é muito difícil de ser observada, e que as fotos que ela registrou são as únicas desta borboleta viva no mundo, pois segundo ela, só há registros fotográficos do animal em coleções de museus. A bióloga ressalta que este tipo de descoberta aumenta ainda mais a responsabilidade de o homem cuidar da natureza: “é importante que continuemos preservando o bosque ao lado da universidade como uma forma de contribuir para a preservação desta espécie rara de borboleta, que vive aqui”, destaca a bióloga.