Cerca de 18 bilhões de animais destinados à alimentação são desperdiçados anualmente, revela um recente estudo da Universidade de Leiden. Este desperdício, correspondente a cerca de um terço da produção global de alimentos, ocorre em diversas etapas da cadeia de abastecimento, desde a produção até o consumo final por famílias e varejistas.

Embora os produtos de origem animal representem apenas 12% do desperdício alimentar, os pesquisadores enfatizam que a prevenção dessas “mortes em vão” traz benefícios éticos e ambientais mais significativos do que o desperdício de alimentos de origem vegetal.

O estudo destaca que a redução da perda e do desperdício de carne em toda a cadeia alimentar global poderia salvar 7,9 bilhões de vidas animais. As galinhas lideram o ranking de animais mais desperdiçados, totalizando 16,8 bilhões, seguidas por perus, porcos, ovelhas, cabras e vacas.

A China lidera o ranking de países que mais desperdiçam animais, representando 16% do total, seguida pelos Estados Unidos com 13%. No entanto, a média per capita de desperdício varia significativamente entre os países, sendo mais pronunciada nos EUA, onde cada pessoa é responsável por 7,10 animais desperdiçados.

Além dos impactos éticos, o desperdício de carne tem uma pegada ambiental considerável, contribuindo para 10% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. O estudo destaca que a carne desperdiçada demanda 100 vezes mais terra para produzir um grama de proteína em comparação com fontes vegetais, evidenciando a necessidade de abordagens sustentáveis.

Os pesquisadores argumentam que a visibilidade dos animais por trás do desperdício de carne pode sensibilizar as pessoas para a importância da redução do desperdício alimentar. No entanto, ressaltam que, para abordar efetivamente o problema, as estratégias devem ser direcionadas aos pontos críticos da cadeia de abastecimento e às regiões com os maiores índices de desperdício.

O estudo conclui que, ao reduzir pela metade as perdas e o desperdício em toda a cadeia alimentar, poderiam ser poupadas 8,8 bilhões de vidas animais. Uma abordagem alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável poderia salvar 4,2 bilhões de animais, mantendo a produção de carne nos níveis atuais.

Embora a redução do desperdício alimentar seja uma solução potencial, muitos especialistas ressaltam a necessidade de uma transição para sistemas alimentares baseados em vegetais, considerando a pecuária uma das indústrias mais prejudiciais ao meio ambiente. A mudança para uma dieta predominantemente vegetal é vista como crucial para mitigar os impactos ambientais e preservar a biodiversidade.